|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Economia e fisiologia
BRASÍLIA - Hoje devem se reunir os ministros da junta orçamentária para decidir o tamanho da gastança
neste final de ano e início de 2006,
quando Lula tentará mais um mandato no Planalto. Devem prometer
de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão para
projetos de deputados e senadores
-as emendas orçamentárias.
Quem acompanha de perto os números grandes da economia sabe que
esse tipo de medida não é o melhor
caminho do ponto de vista macroeconômico. Liberar dinheiro para emendas dos congressistas pode ajudar na
fisiologia miúda dentro do Congresso
-que é a urgência da hora-, mas
não será algo positivo para as contas
gerais do país.
O economista Alexandre Marinis
fez um estudo pós-anúncio da queda
de 1,2% do PIB no terceiro trimestre.
O aspecto a ser notado é quase óbvio:
se o PIB vai crescer menos do que se
esperava, logo a relação entre dívida
pública e PIB vai piorar.
Em 2004, a dívida do setor público
no Brasil equivalia a 51,7% do PIB.
Era aguardada uma redução, ainda
que modesta, desse percentual para
este ano. Como a economia crescerá
vegetativamente, é possível que ocorra justamente o oposto.
Marinis faz várias projeções e conclui que no final deste ano a dívida
do governo será equivalente a 51,9%
do PIB do país.
"Como o objetivo do governo deve
ser o de reduzir, e não apenas estabilizar a relação dívida/PIB em patamar elevado, a interrupção da trajetória de queda da dívida/PIB em
2004 para 2005 revela o quão inoportuna é a atual discussão entre membros do governo sobre a possibilidade
de se reduzir o superávit primário",
escreve o economista.
Pior do que essa avaliação, inoportuno mesmo é hoje Antonio Palocci,
Paulo Bernardo e Dilma Rousseff ficarem escolhendo projetos de deputados e senadores que devem receber
mais de R$ 1 bilhão de dinheiro público nas próximas semanas.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Cardápio de 2006, biscoito de vento Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Enfim, a solução Índice
|