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CARLOS HEITOR CONY
Enfim, a solução
RIO DE JANEIRO - Começo a ver claro na confusa, indecifrável vida nacional. Os estrategistas durante a
guerra, os sanitaristas durante as epidemias, garantem que o mais importante é localizar o núcleo do inimigo
ou o foco das infecções. Até a semana
passada, para os nossos lados estava
tudo boiando, sem nitidez, sem solução possível.
Felizmente há solução, uma solução que lembra não apenas a guerra,
mas a profilaxia. Dirceu e Roberto
Jefferson foram cassados e voltarão a
advogar. O desentendimento entre os
dois, na vida pública, custou uma crise que ainda não acabou. O diabo é
que a briga arrastou outras e deu na
confusão que atravessamos.
De beca, um na acusação, outro na
defesa, ou vice-versa, num júri para
decidir uma questão judicial no foro
de São José das Três Ilhas (o fazendeiro que, alucinado, deu um tiro na vaca que invadiu a roça de outro), os
dois poderiam, sem onerar os cofres
públicos, dar seguimento às desavenças anteriores, brigarem à vontade.
E, como no boxe, que vencesse o melhor.
A outra solução é mais emocionante. Dois velhinhos, adeptos da bengala, poderiam travar um duelo para
esclarecer uma questão que nos inquieta: quem tem razão nesse imbróglio todo?
Como sabemos, um velhinho agrediu Zé Dirceu, tentando fazer justiça
não com as próprias mãos, mas com
a sua bengala. No dia seguinte, outro
velhinho, indignado ou triste pelo
aviltamento da instituição (a bengala em si) desafiou o primeiro para um
duelo de bengaladas.
Duelo que poderia se realizar no
Maracanã ou no Morumbi, ao primeiro sangue (o que evitaria um desenlace letal), cuja renda reverteria
para o Fome Zero.
Seria uma solução quase incruenta,
a primeira gota de sangue que brotasse num dos velhinhos decidiria a
questão. A menos que Zé Dirceu continuasse despertando os instintos
mais primitivos em Roberto Jefferson.
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