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ACM ESTÁ DE VOLTA
Não é de hoje que o presidente do
Senado, Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), tenta preencher com discursos tonitruantes vácuos do governo federal. Vale lembrar, por exemplo, a campanha contra a pobreza, as
críticas à indecisão presidencial, a defesa altissonante da regulamentação
das medidas provisórias.
As rusgas públicas entre ACM e
Fernando Henrique Cardoso voltaram a aparecer com mais frequência
e intensidade no final de 1999.
Ontem ACM voltou à carga como
paladino do bem-estar social; somou
ao entrevero sobre as medidas provisórias uma crítica ao "aviltante" nível
salarial do país, do que deveria, segundo o senador, se ocupar o próprio presidente da República.
Seria ocioso concordar com o senador a respeito de baixos salários, embora a crítica mais certeira visaria ao
bárbaro desnível social. Mas o senador é líder maior da coalizão de apoio
a um governo que sustentou por
anos política econômica mais que
imprudente; que nada fez diante de
um empecilho ao desenvolvimento
econômico e social tão grande como
o lastimável sistema tributário.
Mas talvez seja ingênuo exigir consistência desses entreveros. A questão é saber o que pretende o senador
com suas "alfinetadinhas", como as
definiu FHC. Os alfinetes vêm ganhando calibre. "O governo não quer
trabalhar. A base do governo não
quer trabalhar. Viver autoritariamente, para quem pregava a democracia,
é intolerável", disse ACM quando o
governo reagiu à regulamentação das
MPs. Ou: "Quando a governabilidade de um país se assenta sobre medida provisórias, essa governabilidade
não está existindo. Não dá para haver
governabilidade por meio de MP".
FHC também subiu o tom: "Acho
razoável que se regulamentem as medidas provisórias. Eu não quero braço-de-ferro com o Congresso, por
mais que o Antonio Carlos queira.
Como eu não sou autoritário, eu não
quero entrar nesse jogo".
O senador, pelo visto, não deu cabo
do braço-de-ferro. Quando a crise
econômica ameaçava ganhar cores
de tumulto político, ACM e outros líderes governistas baixaram o tom.
Agora, o verão parece ser mesmo de
chuvas e trovoadas. Mas onde vai desaguar o rio turbulento do senador?
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