São Paulo, Quinta-feira, 06 de Janeiro de 2000


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ACM ESTÁ DE VOLTA

Não é de hoje que o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), tenta preencher com discursos tonitruantes vácuos do governo federal. Vale lembrar, por exemplo, a campanha contra a pobreza, as críticas à indecisão presidencial, a defesa altissonante da regulamentação das medidas provisórias.
As rusgas públicas entre ACM e Fernando Henrique Cardoso voltaram a aparecer com mais frequência e intensidade no final de 1999.
Ontem ACM voltou à carga como paladino do bem-estar social; somou ao entrevero sobre as medidas provisórias uma crítica ao "aviltante" nível salarial do país, do que deveria, segundo o senador, se ocupar o próprio presidente da República.
Seria ocioso concordar com o senador a respeito de baixos salários, embora a crítica mais certeira visaria ao bárbaro desnível social. Mas o senador é líder maior da coalizão de apoio a um governo que sustentou por anos política econômica mais que imprudente; que nada fez diante de um empecilho ao desenvolvimento econômico e social tão grande como o lastimável sistema tributário.
Mas talvez seja ingênuo exigir consistência desses entreveros. A questão é saber o que pretende o senador com suas "alfinetadinhas", como as definiu FHC. Os alfinetes vêm ganhando calibre. "O governo não quer trabalhar. A base do governo não quer trabalhar. Viver autoritariamente, para quem pregava a democracia, é intolerável", disse ACM quando o governo reagiu à regulamentação das MPs. Ou: "Quando a governabilidade de um país se assenta sobre medida provisórias, essa governabilidade não está existindo. Não dá para haver governabilidade por meio de MP".
FHC também subiu o tom: "Acho razoável que se regulamentem as medidas provisórias. Eu não quero braço-de-ferro com o Congresso, por mais que o Antonio Carlos queira. Como eu não sou autoritário, eu não quero entrar nesse jogo".
O senador, pelo visto, não deu cabo do braço-de-ferro. Quando a crise econômica ameaçava ganhar cores de tumulto político, ACM e outros líderes governistas baixaram o tom. Agora, o verão parece ser mesmo de chuvas e trovoadas. Mas onde vai desaguar o rio turbulento do senador?



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