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CLÓVIS ROSSI
A Alca e o Brasil
PUEBLA - A reunião da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) que
termina hoje caminha para um de
dois desfechos: ou um conteúdo mínimo ou um impasse definitivo.
Se der a segunda hipótese, parece
altamente improvável que o processo
negociador possa continuar. Terá
perdido gás, fôlego, interesse.
Além disso, os grupos negociadores
ficarão sem instruções e, portanto,
sem o que fazer. Como faltam apenas
11 meses para terminar o prazo de encerramento das negociações, e como
há eleições nesse período nos Estados
Unidos e no Canadá, ficam escassas
as chances de o processo ser retomado se Puebla desandar.
Se os delegados conseguirem na undécima hora um acordo, ele será ainda mais "light" do que o próprio Brasil gostaria, na medida em que acesso
a mercados (a cereja do bolo) estaria
limitado.
O problema é que não dá para dizer, a não ser a partir do "palpitômetro", se uma Alca mínima ou nenhuma interessa ou não ao Brasil.
Aqui em Puebla, os empresários estão divididos, a rigor, em dois grandes grupos (embora haja subgrupos
que o espaço não permite detalhar):
os do agronegócio estão enfurecidos
com o governo porque acham que o
Brasil deveria ceder em outras áreas
(investimentos, compras governamentais etc.) para poder abrir o mercado norte-americano (e canadense,
de quebra) para produtos brasileiros
altamente competitivos.
Já Nelson Brasil de Oliveira (Química Fina) vai na direção exatamente oposta: "Ceder nessas áreas impediria a execução de políticas de desenvolvimento". Mais: "Estamos habituados demais a ceder. Nós mesmos não damos o valor devido ao
nosso mercado".
No meio do caminho fica Guilherme Duque Estrada de Moraes, também do setor químico. Lembra que,
na sua área, não há praticamente
barreiras nos Estados Unidos, mas a
exportação é pouca porque não há
produtos por eles demandados.
Talvez a gente devesse, antes de negociar com os outros, negociar com a
gente mesmo, não?
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