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ELIANE CANTANHÊDE
A hora de dizer sim
BRASÍLIA - Aos poucos, devagar e sempre, o governo Lula vai agradando as Forças Armadas.
Em 2003, foi a vez de dizer não,
concordando com Exército, Marinha
e Aeronáutica no que eles não queriam. Exemplos: a reforma da Previdência dos militares e a reabertura
escancarada dos documentos da
guerrilha do Araguaia.
Em 2004, chegou a vez de dizer sim,
concordando com o que as três Forças querem: verbas, licitações e compras de equipamento. Nada espetacular, mas algumas coisas bem simbólicas. Exemplos não faltam.
Na Aeronáutica, as trocas do Sucatão por um novo avião presidencial,
dos velhos Mirage por caças modernos (em fase de decisão) e dos jatinhos HS dos ministros por outros melhores (pauta do Planalto na quarta).
Neste caso, a idéia é comprar os
aviões ERJ-145 da Embraer, em serviço na Rio-Sul, incorporada à Varig,
envolvendo financiamento do
BNDES.
No Exército, o aumento e o adestramento de tropas para a Amazônia,
além da compra de 20 jipes Defender
para fronteiras. E, na Marinha, projetos que podem ser do arco da velha.
Mas ainda em sigilo.
O MST grita, a CUT reclama, os
funcionários públicos rompem, o Ministério Público esperneia contra o
governo do PT -partido do qual, em
maior ou menor grau, chegaram a
ser bem próximos, aliados mesmo.
Mas as Forças Armadas, que sempre foram o bicho-papão das esquerdas em geral e do PT em particular,
andam quietas. Contidas e elegantes,
como o próprio ministro da Defesa, o
embaixador José Viegas -que, aliás,
lidera uma viagem hoje dos três comandantes militares às bases do Chile e do Brasil na Antártica.
José Dirceu se dá muito bem com
Viegas, que se dá melhor ainda com
os comandantes, e todos vão aprendendo as lições do passado e vivendo
felizes. Espera-se que para sempre.
Desde que não fique muito caro.
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