São Paulo, sexta, 6 de fevereiro de 1998

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Brasília em cartaz

ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Se você gosta de ação e quebra-quebra, disque 0900-0000 e reveja a emocionante votação da Previdência na Câmara: vidros quebrados, parlamentares trocando insultos e murros com a segurança, manifestantes confundindo a "Casa do Povo" com a "casa da Mãe Joana".
Como bem disse o presidente da Câmara, Michel Temer, "aqui (no Congresso) não tem monotonia, todos os dias são alegres". Seria até cômico, não fosse trágico.
Mas há opções. Se você prefere um enredo cheio de traições, mentiras, blefes e jogo sujo, disque 0900-0001 e assista o drama do PMDB.
Até um dia desses, Paes de Andrade parecia uma ilha cercada de fernandistas por todos os lados. Bastou Itamar se lançar candidato, talvez, quem sabe, para que boa parte da turma mergulhasse em dúvidas.
Na terça-feira, o líder Geddel Vieira Lima apresentava a seção da Paraíba como um troféu governista: "O Ronaldo Cunha Lima (dono da bancada) garante 46 a zero para FHC", contava, peito estufado.
E o que dizia ontem o próprio Cunha Lima, em carne e osso? "Sempre achei que o partido deveria ter candidato próprio. Se o Itamar for candidato, vou com ele até as últimas consequências." Quando ele diz "vou", quer dizer "vamos". Na aritmética paraibana, um Cunha Lima é igual aos 46 convencionais do PMDB.
Quem pode, pode. E, como o ilustre senador, tira sua casquinha do pastelão que virou o PMDB a partir da simples possibilidade da candidatura Itamar. Isso significa que estão reabertas as negociações e o preço do apoio a FHC mudou. Tanto que a contabilidade dos votos da convenção de 8 de março será toda refeita numa reunião de governadores, terça-feira.
Sem dar um só telefonema aos líderes, ministros e governadores do partido, Itamar derrubou todas as certezas e já se fala até em segundo turno na eleição. Um espanto!
E FHC? Ainda está naquela do "quem ri por último ri melhor".
PS - Tema da palestra do terapeuta reichiano Antônio Ricardo Teixeira, na Câmara, dia 16: "Combate ao estresse". Deles ou nosso?



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