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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

Guerra é guerra

RIO DE JANEIRO - Todos sabemos que as Forças Armadas são instituições destinadas a defender a soberania nacional, e não a tranquilidade das ruas. Mas, durante os anos de repressão, elas foram empregadas para combater a subversão, uma vez que a luta ideológica, a partir do momento em que se estruturou como guerrilha urbana ou rural, era um inimigo real, que precisava ser eliminado.
O mesmo raciocínio não cola quando se fala em apelar para as Forças Armadas no combate ao crime organizado. Exército, Marinha e Aeronáutica não foram criados para combater bandidos nos morros ou ruas. Quem perde com esse tipo de raciocínio é a sociedade como um todo.
No passado recente, tivemos um exemplo da colaboração do Exército no policiamento da cidade. Foi durante a Rio-92, quando aqui vieram mais de cem chefes de governo e de Estado com suas imensas comitivas. Não se registrou nenhum incidente policial.
A cidade parecia outra, seus habitantes pareciam outros, livres da tensão que habitualmente sofremos, sem saber se voltamos para casa com o relógio, a carteira e a vida.
Está mais do que demonstrado que as polícias Civil e Militar, por falta de recursos humanos e técnicos, são incapazes de dar à população a necessária segurança. Isso sem falar na alta taxa de corrupção de policiais civis e militares que recebem propinas dos diversos escalões do crime. A presença das Forças Armadas nas ruas desestabiliza o esquema do crime organizado, que só se tornou possível pela corrupção policial,
Levará tempo e custará muito dinheiro aos bandidos conhecer os novos responsáveis pela segurança da cidade. E providenciar um esquema de suborno é problemático, pois, embora os soldados sejam humanos, capazes de serem corrompidos, têm eles a motivação cívica e psicológica que muitas vezes falta aos policiais.


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