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CARLOS HEITOR CONY
Guerra é guerra
RIO DE JANEIRO - Todos sabemos
que as Forças Armadas são instituições destinadas a defender a soberania nacional, e não a tranquilidade
das ruas. Mas, durante os anos de repressão, elas foram empregadas para
combater a subversão, uma vez que a
luta ideológica, a partir do momento
em que se estruturou como guerrilha
urbana ou rural, era um inimigo
real, que precisava ser eliminado.
O mesmo raciocínio não cola quando se fala em apelar para as Forças
Armadas no combate ao crime organizado. Exército, Marinha e Aeronáutica não foram criados para combater bandidos nos morros ou ruas.
Quem perde com esse tipo de raciocínio é a sociedade como um todo.
No passado recente, tivemos um
exemplo da colaboração do Exército
no policiamento da cidade. Foi durante a Rio-92, quando aqui vieram
mais de cem chefes de governo e de
Estado com suas imensas comitivas.
Não se registrou nenhum incidente
policial.
A cidade parecia outra, seus habitantes pareciam outros, livres da tensão que habitualmente sofremos, sem
saber se voltamos para casa com o relógio, a carteira e a vida.
Está mais do que demonstrado que
as polícias Civil e Militar, por falta de
recursos humanos e técnicos, são incapazes de dar à população a necessária segurança. Isso sem falar na alta taxa de corrupção de policiais civis
e militares que recebem propinas dos
diversos escalões do crime. A presença das Forças Armadas nas ruas desestabiliza o esquema do crime organizado, que só se tornou possível pela
corrupção policial,
Levará tempo e custará muito dinheiro aos bandidos conhecer os novos responsáveis pela segurança da
cidade. E providenciar um esquema
de suborno é problemático, pois, embora os soldados sejam humanos, capazes de serem corrompidos, têm eles
a motivação cívica e psicológica que
muitas vezes falta aos policiais.
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