São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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Editoriais

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Vírus inabalável

DESDE a década de 80 o flagelo da dengue atormenta o país. Dados do Ministério da Saúde indicam que 2008 registrou o resultado mais grave em um novo ciclo de expansão da moléstia: foram 585.769 casos, maior patamar alcançado nos últimos seis anos. Houve recorde no número de mortes por dengue hemorrágica.
Essas cifras indicam um novo pico, a exemplo do que ocorreu em 1998 e em 2002, ano em que foram registrados 697.998 casos. Segundo o Ministério da Saúde, apesar do montante de 2008, o balanço mais recente aponta uma redução de casos de 40,53% no país no início desse ano. Mas há pouca razão para otimismo. Em seis Estados há um crescimento significativo, incluindo Minas Gerais, Bahia, Acre e Espírito Santo.
Os ciclos da doença se sucedem com monótona regularidade, assim com as desculpas oficias. As mortes expõem a fragilidade e o despreparo do modelo de assistência à saúde no país.
Os problemas passam por falhas no atendimento básico, nas orientações do Ministério da Saúde e na precária formação dos especialistas para o atendimento de epidemias. A responsabilidade é compartilhada pelas três esferas de poder. Além da ação ministerial, as secretarias municipais de saúde e as Superintendências de Controle de Endemias, na esfera estadual, são incumbidas da prevenção.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que não faltam recursos para o combate à doença e atribui o agravamento em algumas regiões à mudança de gestores, ocasionada pelas eleições municipais realizadas em outubro passado.
Mas as cifras são autoexplicativas e mostram a crônica insuficiência das políticas públicas.


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