FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Vicente Chelotti caiu e premiou FHC com uma declaração cheia de significados subliminares. Muito provavelmente irrespondível.
A declaração foi dada ao jornalista Abnor Gondim. A ela: "Eu peço desculpas a vocês da imprensa por não ter dado a oportunidade de me chamarem de corrupto. Aliás, não só a imprensa. A nenhuma autoridade, a ninguém, eu dei essa oportunidade".
FHC não respondeu, o que é seu costume nessas horas, seguindo um conselho de d. João 6º: "Quando não souber o que fazer, não faça nada".
Mas, se seguir o conselho do monarca português, FHC estará dando razão a Chelotti. Então, por que caiu o diretor-geral da PF?
Caiu porque teria falado o que não devia ao telefone. Nessas conversas, gravadas clandestinamente e divulgadas num furo da revista "Carta Capital", sugeriu ter informações que destruiriam o governo FHC. Por isso, teria o presidente "nas mãos".
Chelotti nega ter tais informações. Mais do que isso, usa outro argumento irrespondível pelo Planalto: "Do que me acusam? O mau-caráter faz o grampo, nesse grampo tem conversas minhas e eu é que sou o culpado?".
Dá-lhe, Chelotti. Se FHC ficou tão compadecido com seu amigo Mendonção, envolvido nos grampos do BNDES, talvez devesse oferecer o mesmo sentimento ao seu diretor da PF por quatro anos.
Até porque o presidente demonstra acreditar na palavra do ex-diretor da PF. Se fosse verdade que Chelotti tem informações para destruir FHC, convenhamos, seria uma demissão difícil de ser processada. A não ser que o episódio tenha um desfecho inusitado.
Por exemplo, no caso de Chelotti sair da PF para ser recompensado com algum exílio dourado num posto de adido numa embaixada brasileira. Pode também ser algum cargo de prestígio aqui mesmo no Brasil.
Ficaria comprovado que Chelotti, de alguma forma, merecerá para sempre o apreço de FHC. Muito apreço.


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