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OUTRA FRENTE
As tropas de ocupação do Iraque, que já vinham enfrentando problemas para controlar o movimento de resistência conduzido por
muçulmanos sunitas, têm agora de
lidar também com a revolta de um
grupo radical xiita. O novo "front"
constitui um cenário pouco alentador para o presidente George W.
Bush, que tenta a reeleição.
O combate à resistência sunita já
atravessava um momento delicado
depois que quatro norte-americanos
que faziam segurança privada foram
mortos, queimados e esquartejados
por uma multidão na cidade de Fallujah, na semana passada. Os EUA,
adotando os mesmos métodos de Israel contra os palestinos, prometeram vingar a chacina, cujas horrendas imagens foram televisionadas
para todo o mundo.
Acrescente-se a isso a revolta xiita,
deflagrada por uma imprudente
ação dos próprios americanos, e o
resultado é uma importante deterioração da situação de segurança no
Iraque. Os xiitas, que perfazem cerca
de 60% da população iraquiana, vêm
em sua maioria mantendo relações
pouco turbulentas com os EUA. Apesar de diferenças políticas e de protestos localizados, os principais líderes xiitas aprovaram a deposição de
Saddam Hussein, um sunita que os
perseguia implacavelmente.
O quadro pode estar mudando depois que a administração americana
ordenou o fechamento de um jornal
ligado ao grupo do aiatolá Muqtada
al Sadr, que lidera uma minoria fanática. A atitude, cuja eficácia nunca foi
evidente, disparou várias manifestações que logo descambaram para batalhas campais. Pelo menos 50 iraquianos e nove soldados da coalizão
morreram no fim de semana.
Bush tem a seu favor o fato de o Iraque não ser um tema que mobilize o
eleitor norte-americano, que está
mais preocupado com a economia e
o desemprego. É claro, porém, que
um ambiente de convulsão no Iraque
poderá ser usado contra ele.
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