|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICAS MICRO
Depois de praticamente oito
anos de políticas econômicas
pautadas quase exclusivamente por
metas macroeconômicas, centradas
na estabilidade de preços e da taxa de
câmbio, ganha corpo o debate sobre
políticas microeconômicas, voltadas
à promoção de setores específicos.
O vigor das propostas intervencionistas não é casual. Em tempos de
campanha eleitoral, as equipes dos
candidatos retomam a agenda sobre
o papel do Estado na economia.
Até o ministro Pedro Malan, tradicional adversário dos que defenderam políticas setoriais no governo,
como o ex-ministro Alcides Tápias
ou o agora candidato José Serra, já
admite políticas industriais.
Há vários modos de formular receitas de política industrial. Para os economistas Ana Claudia Alem e Fabio
Giambiagi, do BNDES, e José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, trata-se de criar instrumentos que promovam o "crescimento das exportações e a substituição competitiva de importações".
A tese está em trabalho a ser apresentado no 14º Fórum Nacional promovido pelo Instituto Nacional de
Altos Estudos (Inae), entidade dirigida pelo ex-ministro do Planejamento
João Paulo dos Reis Velloso, outro
veterano desenvolvimentista.
Economistas do PT também defendem políticas setoriais em favor da
indústria. O mesmo fazem entidades
patronais, como o Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e a Fiesp.
Mesmo políticos do PFL, supostamente avessos à intervenção estatal,
na prática defendem políticas setoriais ou regionalistas que vão da
guerra fiscal à utilização de bancos
estatais para promover a agricultura.
Diante desse consenso pragmático
em favor da ação do Estado, o que
falta ao debate é a identificação mais
clara de que setores, no contexto de
qual modelo de desenvolvimento, o
Estado deve beneficiar.
Sem esse esclarecimento, tudo se
resume ao jogo dos lobbies que se articulam por trás da cortina de fumaça
das boas intenções dos candidatos.
Texto Anterior: Editoriais: A ALCA IMPÕE CONSENSO Próximo Texto: Editoriais: A VIA DOS ACIDENTES
Índice
|