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A VIA DOS ACIDENTES
Há quase consenso de que a
causa fundamental para a
imensa maioria dos acidentes de
trânsito são falhas humanas. Motoristas embriagados, apressados, desrespeitadores das regras de tráfego
ou simplesmente inábeis ao volante,
de fato, estão quase sempre associados aos desastres. Mas há uma segunda ordem de causas que não raro
passa despercebida. Trata-se do mau
estado das vias e das péssimas condições de manutenção veicular.
O especialista Roberto Scaringella
empreendeu um estudo, avaliando
uma pequena amostra de casos, para
tentar identificar o peso de cada um
desses fatores nos acidentes de trânsito. Concluiu que 44% dos acidentes graves foram desencadeados exclusivamente por falhas humanas.
Na maioria das ocorrências, no entanto, à imprudência do motorista
esteve associado algum fator externo, com destaque para as más condições das vias e dos veículos.
Se a pesquisa apenas dá conotação
numérica a uma sensação bastante
difundida, ela é importante para rebater um discurso comum entre autoridades de trânsito. Muitas tendem
a minimizar os fatores externos como causas de acidentes ao lançar a
culpa quase que exclusivamente sobre os motoristas. Desse modo tentam se livrar de uma série de responsabilidades que são do poder público: a conservação das vias, a devida
sinalização, a fiscalização das condições mecânicas dos veículos etc.
Houve melhoras, nos últimos
anos, no tratamento das questões de
trânsito no Brasil. Quase todas elas
estão consolidadas no Código de
Trânsito Brasileiro, que começou a
vigorar em 1998. O passo que falta
para que as estatísticas de mortos e
feridos nas estradas e nas ruas comecem a sofrer reduções significativas é
o que os norte-americanos chamam
de "law enforcement" -as condições materiais e humanas para que a
lei seja efetivamente aplicada.
De nada adiantam normas perfeitas se, por falta de fiscalização, de
equipamento e de procedimentos
administrativos, elas não se transformam em realidade.
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