São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Um sintoma

BRASÍLIA - A reportagem de Eduardo Oinegue, na "Veja" do fim de semana, sobre o propinoduto formado nas privatizações comandadas pelos tucanos, é um sintoma do estado em que se encontra o governo FHC: é uma administração cercada de inimigos e interesses contrariados por todos os lados.
Um ministro de Estado, Paulo Renato, deu argumentos para o Ministério Público abrir uma ação de improbidade administrativa contra o presidente da República. FHC soube que um funcionário do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio, teria pedido uma propina de R$ 15 milhões. Ao que consta, nada fez.
É possível que em muitos governos aconteçam casos desse tipo. Muitas vezes são fofocas. Mas nunca a sociedade fica sabendo. É um sintoma do desarranjo geral um episódio dessa ordem ter surgido agora.
Nesta semana podem aparecer outros sinais da deterioração do comando do Palácio do Planalto. O PT vai propor a sua CPI. A coleta de assinaturas para a instalação da comissão será um termômetro. Se o PFL ameaçar entrar nesse barco, o custo será altíssimo para FHC.
A operação abafa pode funcionar. Não se duvida disso. Ocorre que dez entre dez pessoas em Brasília sabem, têm certeza de que muito mais histórias virão. Não é impossível que falte munição para o Palácio do Planalto numa maré adversa tão grande.
Para o candidato oficial ao Planalto, José Serra, resta esperar. Explicações ele tem poucas. Sua candidatura passa pelo pior momento.
 
Parvo ou pusilânime? Paulo Renato seria um parvo se não tivesse perguntado em nome de quais tucanos uma propina foi pedida. Como isso é improvável, para não dizer que é mentira, o ministro da Educação só é pusilânime. Sabe do caso há quatro anos, mas conta a metade da história apenas agora para satisfazer uma vingança pessoal dentro do PSDB.



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