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FERNANDO RODRIGUES
Um sintoma
BRASÍLIA - A reportagem de Eduardo Oinegue, na "Veja" do fim de semana, sobre o propinoduto formado
nas privatizações comandadas pelos
tucanos, é um sintoma do estado em
que se encontra o governo FHC: é
uma administração cercada de inimigos e interesses contrariados por
todos os lados.
Um ministro de Estado, Paulo Renato, deu argumentos para o Ministério Público abrir uma ação de improbidade administrativa contra o
presidente da República. FHC soube
que um funcionário do Banco do
Brasil, Ricardo Sérgio, teria pedido
uma propina de R$ 15 milhões. Ao
que consta, nada fez.
É possível que em muitos governos
aconteçam casos desse tipo. Muitas
vezes são fofocas. Mas nunca a sociedade fica sabendo. É um sintoma do
desarranjo geral um episódio dessa
ordem ter surgido agora.
Nesta semana podem aparecer outros sinais da deterioração do comando do Palácio do Planalto. O PT
vai propor a sua CPI. A coleta de assinaturas para a instalação da comissão será um termômetro. Se o PFL
ameaçar entrar nesse barco, o custo
será altíssimo para FHC.
A operação abafa pode funcionar.
Não se duvida disso. Ocorre que dez
entre dez pessoas em Brasília sabem,
têm certeza de que muito mais histórias virão. Não é impossível que falte
munição para o Palácio do Planalto
numa maré adversa tão grande.
Para o candidato oficial ao Planalto, José Serra, resta esperar. Explicações ele tem poucas. Sua candidatura
passa pelo pior momento.
Parvo ou pusilânime? Paulo Renato
seria um parvo se não tivesse perguntado em nome de quais tucanos uma
propina foi pedida. Como isso é improvável, para não dizer que é mentira, o ministro da Educação só é pusilânime. Sabe do caso há quatro
anos, mas conta a metade da história apenas agora para satisfazer
uma vingança pessoal dentro do
PSDB.
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