São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARLOS HEITOR CONY

Só falta a foto

RIO DE JANEIRO - Parece que não haverá foto da dinheirama que rolou durante o primeiro governo de FHC para garantir os tais 20 anos no poder que o finado tesoureiro da campanha prometia.
Nem a Polícia Federal nem os laranjas "ad hoc", que foram tão eficientes para detonar a candidatura da ex-governadora do Maranhão, poderiam imaginar que o tiro no pé do tucanato viesse de um ministro e de um ex-ministro, ambos ligadíssimos ao centro do poder federal e à medula do próprio PSDB.
Desta vez nem há a suspeita de armação, que rondou o caso maranhense. Desde a época das privatizações, vendas na bacia das almas e comissões nunca vistas nem sonhadas, sabia-se que a corrupção corria desvairada não exatamente nos porões, mas nos próprios gabinetes cinco estrelas do governo.
Não foram Janio de Freitas, nem Elio Gaspari, nem Clóvis Rossi, nem Fernando Rodrigues, nem Veríssimo, nem Zé Simão que trouxeram de volta o escândalo das privatizações. Foi um ministro de Estado que revelou o que todos sabíamos, embora sem detalhes. Foi também um ex-ministro, unha-e-carne com FHC, defenestrado por causa de um grampo telefônico que abria a suspeita de um escândalo bem menor.
Se os leitores se derem ao trabalho de reler os cronistas acima citados, à época dos fatos agora trazidos a público, perceberão que a tramóia foi devidamente denunciada. O rolo compressor do Planalto, com a esforçada colaboração da maior parte da mídia, montava uma rede colossal de silêncio e tudo ficava por conta dos "cães raivosos" que ladravam contra as vestais do poder.
Ouvi de um experimentado político que o caso do Maranhão havia derrubado duas candidaturas presidenciais. A de Roseana e a de Serra. A diferença seria apenas de escala.


Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Um sintoma
Próximo Texto: Boris Fausto: Lula e os riscos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.