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CARLOS HEITOR CONY
Só falta a foto
RIO DE JANEIRO - Parece que não haverá foto da dinheirama que rolou
durante o primeiro governo de FHC
para garantir os tais 20 anos no poder que o finado tesoureiro da campanha prometia.
Nem a Polícia Federal nem os laranjas "ad hoc", que foram tão eficientes para detonar a candidatura
da ex-governadora do Maranhão,
poderiam imaginar que o tiro no pé
do tucanato viesse de um ministro e
de um ex-ministro, ambos ligadíssimos ao centro do poder federal e à
medula do próprio PSDB.
Desta vez nem há a suspeita de armação, que rondou o caso maranhense. Desde a época das privatizações, vendas na bacia das almas e comissões nunca vistas nem sonhadas,
sabia-se que a corrupção corria desvairada não exatamente nos porões,
mas nos próprios gabinetes cinco estrelas do governo.
Não foram Janio de Freitas, nem
Elio Gaspari, nem Clóvis Rossi, nem
Fernando Rodrigues, nem Veríssimo,
nem Zé Simão que trouxeram de volta o escândalo das privatizações. Foi
um ministro de Estado que revelou o
que todos sabíamos, embora sem detalhes. Foi também um ex-ministro,
unha-e-carne com FHC, defenestrado por causa de um grampo telefônico que abria a suspeita de um escândalo bem menor.
Se os leitores se derem ao trabalho
de reler os cronistas acima citados, à
época dos fatos agora trazidos a público, perceberão que a tramóia foi
devidamente denunciada. O rolo
compressor do Planalto, com a esforçada colaboração da maior parte da
mídia, montava uma rede colossal de
silêncio e tudo ficava por conta dos
"cães raivosos" que ladravam contra
as vestais do poder.
Ouvi de um experimentado político
que o caso do Maranhão havia derrubado duas candidaturas presidenciais. A de Roseana e a de Serra. A diferença seria apenas de escala.
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