São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES MCT, ame-o ou deixe-o
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
Informo ainda o secretário de que os salários da ABTLuS são fixados em comparação com os das universidades públicas de São Paulo e aprovados pelo conselho, que tem três representantes do MCT. A razão é simples: em um mercado de trabalho competitivo, para garantir a qualidade dos serviços oferecidos pela associação aos pesquisadores brasileiros é preciso pagar salários razoáveis. Além do mais, esses pesquisadores são contratados pelo regime da CLT, ou seja, não possuem estabilidade nem terão aposentadoria integral -curiosamente, o mesmo modelo que o governo deseja adotar para o serviço público. Somados em sua carreira, os custos de tal pesquisador para o Estado brasileiro ainda são inferiores aos de um pesquisador estável. As organizações sociais já fizeram, no seu espaço institucional, reformas preconizadas pelo presidente Lula. A insinuação sub-reptícia do prof. Wanderley de Souza de "superfaturamento, como foi apurado no caso do sr. Leite", merece agora um comentário de outra natureza. Ele não pode deixar de saber que no referido processo, que nada tem a ver com a ABTLuS, já transitado em julgado, servi meramente como testemunha. A insinuação feita por ele qualifica o seu caráter. Em dezenas de polêmicas em que me envolvi e críticas que fiz a políticos de governos anteriores, nenhum se rebaixou a tentativas de me calar usando tal tipo de chantagem. Ainda mais degradante foram suas ameaças de "acabar com o Laboratório de Luz Síncrotron", que fez, sempre covardemente, a terceiros. Ou seja, ele se propõe a destruir um patrimônio nacional por causa de minhas denúncias e por sua ignorância do papel do presidente do Conselho da ABTLuS. Deve ser ressaltada ainda sua sugestão fascista de que quem discorda da política da atual administração do MCT deve deixá-lo. Deve ser isso que ele chama de democracia. Enfim, insinua o secretário que desrespeitei as comissões do CNPq quando afirmei que, ao manter sua própria bolsa de produtividade, estaria ele causando-lhes "constrangimentos". Não é verdade que eu tenha falado em "manipulação das comissões". Quem desrespeitou as ditas comissões foi o secretário, que usurpou-lhes as atribuições ao distribuir arbitrariamente, como confessou, auxílios a 260 pesquisadores, esquecendo-se de que os comitês assessores estão adequadamente aparelhados e que ele próprio não tem competência técnica para tal atribuição. E não há outra explicação para essa irresponsabilidade, volto a afirmar, do que simples e retrógrados demagogia e populismo. Rogério Cezar de Cerqueira Leite, 71, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Editorial da Folha. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Jorge Bornhausen: Assalto à classe média Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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