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CLÓVIS ROSSI
Cantiga de roda para FHC
SÃO PAULO - Volte, caro leitor, à capa do caderno Dinheiro de ontem. Lá
no alto, você encontrará a comparação entre as previsões da CNI (Confederação Nacional da Indústria) feitas em dezembro passado e as novas,
revistas ao terminar o semestre.
Tudo melhorou na economia brasileira, ao menos na visão da indústria,
exceto desemprego (que tampouco
piorou) e balança comercial.
Quem acredita na lógica de que o
pessoal vota com o bolso haverá de
deduzir que a popularidade do presidente da República terá também se
beneficiado da evolução dos indicadores econômicos, certo? Errado. A
mais recente pesquisa do "Vox Populi" mostra justamente o contrário. O
presidente é hoje mais impopular do
que antes.
Uma primeira -e fácil- explicação vem do fato de que a melhora nos
indicadores econômicos ainda não se
traduziu em mais dinheiro no bolso
do distinto público.
Mas a comparação entre a evolução favorável dos indicadores da economia e o desprestígio do presidente
parece consolidar a impressão de que
o ciclo econômico se descolou do político, talvez definitivamente. Ou, posto de outra forma: a baixa popularidade do presidente, nascida com a
crise do real a partir de janeiro do
ano passado, já não tem muito a ver
com a evolução da economia.
Tem a ver com o fato de que quebrou-se o encanto com FHC. Dá até
para parodiar uma cantiga de roda:
o anel que o presidente deu ao público era de vidro e se quebrou, e o amor
que o público tinha por ele era pouco
e se acabou.
A questão restante é simples: até o
início efetivo da corrida eleitoral para 2002, dentro de dois anos, haverá
tempo para soldar o anel e recuperar
o encanto perdido?
Se fosse bijuteria, daria. Mas, como
é jóia rara...
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