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PERDEM OS DEFICIENTES
De um modo geral, deficientes físicos enfrentam péssimas
condições para viver no Brasil. É verdade que nos últimos anos observaram-se alguns avanços, como o rebaixamento de calçadas para quem
se locomove em cadeiras de rodas e a
instalação de sanitários adequados
em empresas, locais de entretenimento e repartições governamentais. Porém é forçoso reconhecer que
a precariedade ainda é a norma, mesmo em centros urbanos mais prósperos, como São Paulo.
Nesse sentido, é de lastimar o fato
de a prefeitura paulistana ter abdicado do dispositivo, que consta em
contratos, segundo o qual as empresas de ônibus e microônibus deveriam estar aptas a oferecer ao menos
um veículo adequado às necessidades de portadores de deficiência em
cada uma das 977 linhas do sistema
de transporte municipal. Os contratos estabelecem que essa medida deveria estar implementada até o próximo dia 2 de outubro.
A prefeitura, no entanto, após levar
dois anos e meio elaborando as regras contratuais, diz ter desistido da
meta, preferindo, em vez de exigir
um veículo adaptado em cada linha,
oferecer um serviço com mais unidades para deficientes, porém em número menor de percursos.
Lamentavelmente, ainda não se sabe exatamente que linhas serão essas
e qual será a quantidade de ônibus
adequados. A desistência da prefeitura vai, na realidade, ao encontro de
uma situação de fato: as viações dificilmente cumpririam a exigência.
O problema é que a instalação dos
itens necessários é menos custosa
em ônibus novos. Nos últimos quatro anos, mais da metade da frota foi
renovada, mas apenas 5% dos veículos foram adaptados. Promover a
adaptação dos demais geraria agora
custos que se traduziriam em pressões para aumento de tarifas. A explicação não muda o fato de que os prejudicados são, mais uma vez, os mais
vulneráveis e necessitados.
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