São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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PERDEM OS DEFICIENTES

De um modo geral, deficientes físicos enfrentam péssimas condições para viver no Brasil. É verdade que nos últimos anos observaram-se alguns avanços, como o rebaixamento de calçadas para quem se locomove em cadeiras de rodas e a instalação de sanitários adequados em empresas, locais de entretenimento e repartições governamentais. Porém é forçoso reconhecer que a precariedade ainda é a norma, mesmo em centros urbanos mais prósperos, como São Paulo.
Nesse sentido, é de lastimar o fato de a prefeitura paulistana ter abdicado do dispositivo, que consta em contratos, segundo o qual as empresas de ônibus e microônibus deveriam estar aptas a oferecer ao menos um veículo adequado às necessidades de portadores de deficiência em cada uma das 977 linhas do sistema de transporte municipal. Os contratos estabelecem que essa medida deveria estar implementada até o próximo dia 2 de outubro.
A prefeitura, no entanto, após levar dois anos e meio elaborando as regras contratuais, diz ter desistido da meta, preferindo, em vez de exigir um veículo adaptado em cada linha, oferecer um serviço com mais unidades para deficientes, porém em número menor de percursos.
Lamentavelmente, ainda não se sabe exatamente que linhas serão essas e qual será a quantidade de ônibus adequados. A desistência da prefeitura vai, na realidade, ao encontro de uma situação de fato: as viações dificilmente cumpririam a exigência.
O problema é que a instalação dos itens necessários é menos custosa em ônibus novos. Nos últimos quatro anos, mais da metade da frota foi renovada, mas apenas 5% dos veículos foram adaptados. Promover a adaptação dos demais geraria agora custos que se traduziriam em pressões para aumento de tarifas. A explicação não muda o fato de que os prejudicados são, mais uma vez, os mais vulneráveis e necessitados.


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