São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2001

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VÔO TURBULENTO

A aviação civil brasileira tem sofrido com recorrentes crises, especialmente depois que o setor começou a ser liberalizado e desregulamentado em meados dos anos 90.
No passado, a aviação civil foi considerada em todo o mundo um setor estratégico. A manutenção da soberania sobre o espaço aéreo e o risco de espionagem fizeram os vôos domésticos serem geralmente operados por empresas nacionais, que se serviam de subsídios e sob rígidos esquemas regulatórios.
A partir dos anos 80, vários países promoveram diferentes graus de liberalização e desregulamentação. Muitas empresas grandes -o caso mais notório foi o da PanAm- não suportaram a radical mudança em um setor altamente intensivo em tecnologia e capital.
Nesse contexto, a adaptação das empresas brasileiras a um mercado competitivo é ainda mais difícil. Afinal, elas têm maior dificuldade de capitalização e sofrem com um alto risco cambial, que incide sob parte expressiva de seus custos.
Além disso, as principais companhias aéreas brasileiras sofreram grandes prejuízos nos anos 80 em razão de terem sido obrigadas a operar com tarifas artificialmente congeladas. Por isso uma empresa já foi indenizada em cerca de R$ 600 milhões e outras continuam na Justiça para obter reparação semelhante.
Apesar de todas as dificuldades, é preciso lembrar que, segundo especialistas, o volume de passageiros e, principalmente, o tamanho das distâncias percorridas fazem do Brasil um dos cinco principais mercados mundiais de vôos domésticos.
Assim, é de esperar que -após um período de adaptação, que pode levar a significativas reestruturações administrativas, operacionais e societárias- a aviação civil brasileira encontre o caminho para reduzir custos e preços, expandir sua atuação e se tornar lucrativa.
Para isso, porém, é preciso que a nova realidade da aviação civil tenha regras estáveis e bem definidas.



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