São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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BUSH NA ONU

No que parece ser uma ofensiva diplomática, o presidente George W. Bush afirmou que buscará apoio interno e externo para derrubar o ditador iraquiano, Saddam Hussein. Trata-se de um avanço, principalmente se considerarmos declarações recentes de pessoas do núcleo de poder, como o vice-presidente, Dick Cheney, para quem é imperativo atacar o Iraque o quanto antes, sem que seja necessário costurar uma coalizão internacional ou mesmo pedir autorização ao Congresso.
Apesar de essa nova posição da Casa Branca parecer mais sensata, ela não chega a ser reconfortante. Em carta enviada aos líderes do Congresso, Bush diz que pedirá aprovação parlamentar para suas ações contra o Iraque e afirmou que pretende obter o apoio dos países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, além de falar à Assembléia Geral na próxima semana.
Quem ler com atenção a carta de Bush, porém, perceberá que sua decisão já está praticamente tomada: "Os EUA pretendem liderar (um movimento) para assegurar que o regime de Saddam Hussein não possa ameaçar ninguém no mundo com as armas mais devastadoras do mundo". "Não fazer nada diante de uma grave ameaça ao mundo não é uma opção". "Minha administração permanece comprometida com a política de mudança de regime (...) do Iraque." Aparentemente, só o que falta definir é a forma exata pela qual os militares americanos intervirão.
Ao que tudo indica, Bush vai pendendo para o lado dos "falcões", para os quais bastaria lançar um ataque contra Bagdá para que os países aliados e a própria população americana apoiassem a ação. A estratégia presidencial parece ser a de tentar construir a rede de sustentação antes do ataque, mas em nenhum momento ele sugere que deixará de realizá-lo se não obtiver a aprovação. A confirmar-se esse cenário, Bush estaria agindo explicitamente contra o consenso mundial de não atacar o Iraque. Os EUA correriam o risco de ficar ainda mais isolados -e talvez por mero capricho do presidente.


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