São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

O presidente Lula

SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva talvez nunca venha a ser presidente da República. Mas está presidente. Está em todas as pesquisas de intenção de voto que lhe concedem folgada vantagem sobre os dois segundos colocados e está nas simulações de segundo turno.
Um parênteses, a propósito: na terça-feira, ao ser entrevistado por uma rádio argentina, fui surpreendido por uma pergunta sobre a hipótese de nem haver segundo turno. Nunca me passou pela cabeça tal perspectiva, mas, se os argentinos são capazes de ganhar até do "dream team" norte-americano de basquete, são também capazes de saber mais que eu sobre as eleições de outubro.
Fechado o parênteses patriótico/ massagem no ego da vizinhança, tão necessitada, voltemos ao início da Presidência Lula.
Lula está presidente também pela maneira como a sua equipe se comporta desde já. Na quarta-feira, por exemplo, uma comissão representando os aposentados teve audiência com o pessoal do programa de governo do candidato petista.
Não tiveram nem tempo de sacar do coldre a popular lista de reivindicações. Foram informados de que não há a menor hipótese de o PT discutir, agora, reivindicações dos aposentados (ou de qualquer outra categoria profissional).
Como prêmio de consolação, o pessoal foi avisado de que será chamado a participar da reforma da Previdência, uma das reformas que o governo Fernando Henrique deixou pela metade ou menos.
É melhor do que ser chamado de "vagabundo", como o presidente fez anos atrás, mas é bem menos do que se esperaria da prática petista até a recente conversão.
O PT está disposto a fazer o que um de seus comandantes chama de "brilhante início de governo", a única maneira, acha o partido, de escapar da camisa-de-força legada pela crise econômico-financeiro. Atender aposentados, só depois.


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