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CLÓVIS ROSSI
O presidente Lula
SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva talvez nunca venha a ser presidente da República. Mas está presidente.
Está em todas as pesquisas de intenção de voto que lhe concedem folgada
vantagem sobre os dois segundos colocados e está nas simulações de segundo turno.
Um parênteses, a propósito: na terça-feira, ao ser entrevistado por uma
rádio argentina, fui surpreendido por
uma pergunta sobre a hipótese de
nem haver segundo turno. Nunca me
passou pela cabeça tal perspectiva,
mas, se os argentinos são capazes de
ganhar até do "dream team" norte-americano de basquete, são também
capazes de saber mais que eu sobre as
eleições de outubro.
Fechado o parênteses patriótico/
massagem no ego da vizinhança, tão
necessitada, voltemos ao início da
Presidência Lula.
Lula está presidente também pela
maneira como a sua equipe se comporta desde já. Na quarta-feira, por
exemplo, uma comissão representando os aposentados teve audiência
com o pessoal do programa de governo do candidato petista.
Não tiveram nem tempo de sacar
do coldre a popular lista de reivindicações. Foram informados de que
não há a menor hipótese de o PT discutir, agora, reivindicações dos aposentados (ou de qualquer outra categoria profissional).
Como prêmio de consolação, o pessoal foi avisado de que será chamado
a participar da reforma da Previdência, uma das reformas que o governo
Fernando Henrique deixou pela metade ou menos.
É melhor do que ser chamado de
"vagabundo", como o presidente fez
anos atrás, mas é bem menos do que
se esperaria da prática petista até a
recente conversão.
O PT está disposto a fazer o que um
de seus comandantes chama de "brilhante início de governo", a única
maneira, acha o partido, de escapar
da camisa-de-força legada pela crise
econômico-financeiro. Atender aposentados, só depois.
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