São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Guerra contra o Iraque

BRASÍLIA - A mais contundente declaração na Rio+10, em Johannesburgo, foi do economista americano Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, mais ou menos assim: "Estou morto de vergonha. Enquanto o mundo inteiro discute como salvar o planeta, o meu país discute a guerra contra o Iraque".
O problema é que o mundo está nas mãos de Bush e da opinião pública americana, que são a maior ameaça a milhares de vidas no Oriente Médio, ao ambiente planetário, à já instável economia mundial e até ao Brasil. Já imaginou o efeito de uma guerra dessa magnitude?
Uma guerra muda tudo, principalmente se o Iraque tiver mesmo armas biológicas e se resolver testá-las. E se os EUA forem obrigados a mudar a estratégia de autoproteção adotada nos miseráveis Kosovo e Afeganistão e invadirem o Iraque com milhares de soldados por terra. Dantesco.
Milhões de pessoas e espécies estarão em risco, assim como o já abalado equilíbrio mundial. Já imaginou a Bolsa de Nova York? E as Bolsas no mundo, os investimentos, o petróleo?
As economias de Argentina, Uruguai, Paraguai e dos vizinhos já estão devastadas, e o Brasil tenta se equilibrar no fio da navalha do FMI. A guerra seria o empurrão final -e no primeiro ano do novo governo.
O Palácio do Planalto já trabalha há algum tempo, nos bastidores, com a hipótese de que Bush partiria para a guerra do Iraque inclusive para recuperar popularidade interna. Afinal, o 11 de setembro (primeiro ano dos atentados em N. York) está bem aí. Ele faz uma "guerrinha" e une a população em êxtase patriótico.
O raciocínio beirava o infantil, e o Itamaraty evidentemente desautorizava. Mas, infelizmente, faz cada vez mais sentido. É bom que o governo, os candidatos, as empresas e os trabalhadores vão se preparando.
Com a economia mundial tão perversa, desigual, é realmente um azar ter um Bush na Presidência da maior potência e diante de decisões tão dramáticas para o futuro da humanidade. Sachs tem vergonha. O resto do mundo entra em pânico.



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