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ELIANE CANTANHÊDE
Guerra contra o Iraque
BRASÍLIA - A mais contundente declaração na Rio+10, em Johannesburgo, foi do economista americano
Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, mais ou menos assim: "Estou
morto de vergonha. Enquanto o
mundo inteiro discute como salvar o
planeta, o meu país discute a guerra
contra o Iraque".
O problema é que o mundo está nas
mãos de Bush e da opinião pública
americana, que são a maior ameaça
a milhares de vidas no Oriente Médio, ao ambiente planetário, à já instável economia mundial e até ao
Brasil. Já imaginou o efeito de uma
guerra dessa magnitude?
Uma guerra muda tudo, principalmente se o Iraque tiver mesmo armas
biológicas e se resolver testá-las. E se
os EUA forem obrigados a mudar a
estratégia de autoproteção adotada
nos miseráveis Kosovo e Afeganistão
e invadirem o Iraque com milhares
de soldados por terra. Dantesco.
Milhões de pessoas e espécies estarão em risco, assim como o já abalado equilíbrio mundial. Já imaginou a
Bolsa de Nova York? E as Bolsas no
mundo, os investimentos, o petróleo?
As economias de Argentina, Uruguai, Paraguai e dos vizinhos já estão
devastadas, e o Brasil tenta se equilibrar no fio da navalha do FMI. A
guerra seria o empurrão final -e no
primeiro ano do novo governo.
O Palácio do Planalto já trabalha
há algum tempo, nos bastidores, com
a hipótese de que Bush partiria para
a guerra do Iraque inclusive para recuperar popularidade interna. Afinal, o 11 de setembro (primeiro ano
dos atentados em N. York) está bem
aí. Ele faz uma "guerrinha" e une a
população em êxtase patriótico.
O raciocínio beirava o infantil, e o
Itamaraty evidentemente desautorizava. Mas, infelizmente, faz cada vez
mais sentido. É bom que o governo,
os candidatos, as empresas e os trabalhadores vão se preparando.
Com a economia mundial tão perversa, desigual, é realmente um azar
ter um Bush na Presidência da maior
potência e diante de decisões tão dramáticas para o futuro da humanidade. Sachs tem vergonha. O resto do
mundo entra em pânico.
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