São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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MARCELO BERABA

A eleição no Rio

RIO DE JANEIRO - É impressionante, até este momento, a um mês da eleição para o governo do Rio, o desempenho da candidata do PSB, Rosinha Garotinho. Se a campanha eleitoral continuar nesse ritmo, ela ganhará no primeiro turno.
As três forças da política fluminense que Rosinha vem acachapando -a Frente Trabalhista de Brizola e Ciro Gomes, o PT de Benedita da Silva e Lula e o frentão armado por Cesar Maia e José Serra- estão completamente atônitas e imobilizadas.
O ex-governador Anthony Garotinho deixou um governo inacabado para disputar a Presidência. Com exceção da área assistencial (cheque-cidadão, programa do leite, restaurante popular), todos os outros programas de governo (segurança, ambiente, moradia popular) ficaram bem aquém das promessas feitas e das necessidades do Estado.
As deficiências, no entanto, ficaram obscurecidas pelo sucesso dos programas sociais. Rosinha encarna para as massas pobres e para o forte segmento evangélico do Rio a continuidade da política assistencialista. Soma-se uma performance semelhante à do marido diante das câmeras de TV e microfones das rádios e um evidente esforço para chegar bem preparada para o embate eleitoral.
Seus adversários são, até agora, uns desastres. Benedita não conseguiu dar um rumo compreensível para o governo e não teve competência para expor publicamente as mazelas que recebeu de Garotinho. Jorge Roberto da Silveira, do PDT, adotou o discurso monotemático de suas realizações em Niterói e teve desempenhos sofríveis nos debates eleitorais.
Os dois estiveram até agora imobilizados pela tese de seus marqueteiros de que bater faz perder pontos.
Nesta semana, ambos começaram a ensaiar um tom mais crítico em relação a Rosinha. O dilema é como fazê-lo sem perder a classe e sem desrespeitar o grande eleitorado que é fiel à Rosinha exatamente porque ela é despudoradamente assistencialista.



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