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CAMINHO PERDIDO
A situação política em Israel e
nos territórios palestinos é tão
instável que frequentemente torna-se
arriscado proclamar o óbvio. Assim,
embora todos os sinais apontem que
o processo de paz encontra-se em estado terminal, israelenses e palestinos evitam afirmá-lo.
O fator que desencadeou a súbita
piora foi a explosão, por terroristas
palestinos, de um ônibus em Jerusalém no mês passado, matando 21
pessoas, incluindo várias crianças.
Israel, em retaliação, retomou sua
política de lançar operações militares
para assassinar lideranças extremistas palestinas. Onze militantes e cinco passantes foram mortos desde o
atentado ao ônibus. Com isso, foi
pelos ares a frágil trégua que o primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, havia conseguido negociar com os grupos radicais.
Como consequência do fracasso da
trégua, os desentendimentos entre
Abbas e o presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP), Iasser
Arafat, só fizeram crescer e, agora,
fala-se na possibilidade de queda do
premiê palestino. Para agravar ainda
mais o quadro, as atenções dos EUA
-os fiadores do processo- estão
todas voltadas para o Iraque.
A deterioração foi tão grande que a
simples disposição de ambos os lados de não decretar o fim do plano
passa a ser celebrada como algo positivo. Para contornar essa situação,
será necessário criar um fato diplomático novo que permita o relançamento do processo de paz, conhecido como "o mapa do caminho". O
caminho todos conhecem. Ele passa
pela criação de um Estado palestino e
de condições de segurança para Israel. A ANP precisa conter os grupos
terroristas. Israel precisa retirar-se
dos territórios palestinos e desmantelar os assentamentos judaicos. Reconhecer o caminho não é difícil.
Trilhá-lo, entretanto, parece bem
mais complicado.
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