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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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CAMINHO PERDIDO

A situação política em Israel e nos territórios palestinos é tão instável que frequentemente torna-se arriscado proclamar o óbvio. Assim, embora todos os sinais apontem que o processo de paz encontra-se em estado terminal, israelenses e palestinos evitam afirmá-lo.
O fator que desencadeou a súbita piora foi a explosão, por terroristas palestinos, de um ônibus em Jerusalém no mês passado, matando 21 pessoas, incluindo várias crianças. Israel, em retaliação, retomou sua política de lançar operações militares para assassinar lideranças extremistas palestinas. Onze militantes e cinco passantes foram mortos desde o atentado ao ônibus. Com isso, foi pelos ares a frágil trégua que o primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, havia conseguido negociar com os grupos radicais.
Como consequência do fracasso da trégua, os desentendimentos entre Abbas e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, só fizeram crescer e, agora, fala-se na possibilidade de queda do premiê palestino. Para agravar ainda mais o quadro, as atenções dos EUA -os fiadores do processo- estão todas voltadas para o Iraque.
A deterioração foi tão grande que a simples disposição de ambos os lados de não decretar o fim do plano passa a ser celebrada como algo positivo. Para contornar essa situação, será necessário criar um fato diplomático novo que permita o relançamento do processo de paz, conhecido como "o mapa do caminho". O caminho todos conhecem. Ele passa pela criação de um Estado palestino e de condições de segurança para Israel. A ANP precisa conter os grupos terroristas. Israel precisa retirar-se dos territórios palestinos e desmantelar os assentamentos judaicos. Reconhecer o caminho não é difícil. Trilhá-lo, entretanto, parece bem mais complicado.


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