São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Micropolítica em ação

BRASÍLIA - Chegou o momento mais enfadonho da transição. Negociações miúdas sobre espaço no próximo governo tomam conta de todos os partidos. Lula toma posse só em janeiro, mas a hora de garantir poder é já.
Nessa micropolítica brasiliense, um fato de relevância: as direções do PT e do PMDB tiveram uma reunião formal. Decidiram que as duas siglas seguirão a tradição do Congresso no que diz respeito aos presidentes da Câmara e do Senado.
A tradição manda que o partido com a maior bancada fique com a presidência de cada uma das Casas do Congresso. Pelo acerto de ontem, o PT ficará com a presidência da Câmara por ter o maior número de deputados. O PMDB, por contar com mais senadores, manterá o Senado, hoje presidido pelo peemedebista Ramez Tebet, de Mato Grosso do Sul.
Pode parecer pouca coisa, mas não é. Se o acerto for mantido, está sepultada a possibilidade de o PT abrir mão da presidência da Câmara em troca do apoio de outros partidos no Congresso. Também parece longe no horizonte a chance de os petistas ficarem com a presidência do Senado e darem a da Câmara para o PMDB.
Em resumo, um partido que nunca governou o Brasil terá, a um só tempo, a Presidência da República e a presidência da Câmara.
Embora seja inútil prever quem serão os escolhidos do PT e do PMDB, há algumas pistas.
No caso petista, a precedência pertence ao presidente da sigla, José Dirceu. Ponto final. Se Dirceu quiser, será o terceiro homem da República.
No PMDB, a disputa é acirrada. A ala hoje hegemônica pretende ficar com a presidência do Senado nas mãos. É sua janela para a sobrevivência. Do outro lado, o lulista de primeira hora José Sarney pretende mudar o quadro.
Há indicações de que a cúpula do PT esteja quase indiferente sobre quem será o presidente do Senado. Os petistas querem garantir o poder na Câmara. Se Sarney perder para a ala fernandista do PMDB, paciência.


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