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FERNANDO RODRIGUES
Micropolítica em ação
BRASÍLIA - Chegou o momento mais enfadonho da transição. Negociações
miúdas sobre espaço no próximo governo tomam conta de todos os partidos. Lula toma posse só em janeiro,
mas a hora de garantir poder é já.
Nessa micropolítica brasiliense, um
fato de relevância: as direções do PT e
do PMDB tiveram uma reunião formal. Decidiram que as duas siglas seguirão a tradição do Congresso no
que diz respeito aos presidentes da
Câmara e do Senado.
A tradição manda que o partido
com a maior bancada fique com a
presidência de cada uma das Casas
do Congresso. Pelo acerto de ontem, o
PT ficará com a presidência da Câmara por ter o maior número de deputados. O PMDB, por contar com
mais senadores, manterá o Senado,
hoje presidido pelo peemedebista Ramez Tebet, de Mato Grosso do Sul.
Pode parecer pouca coisa, mas não
é. Se o acerto for mantido, está sepultada a possibilidade de o PT abrir
mão da presidência da Câmara em
troca do apoio de outros partidos no
Congresso. Também parece longe no
horizonte a chance de os petistas ficarem com a presidência do Senado e
darem a da Câmara para o PMDB.
Em resumo, um partido que nunca
governou o Brasil terá, a um só tempo, a Presidência da República e a
presidência da Câmara.
Embora seja inútil prever quem serão os escolhidos do PT e do PMDB,
há algumas pistas.
No caso petista, a precedência pertence ao presidente da sigla, José Dirceu. Ponto final. Se Dirceu quiser, será o terceiro homem da República.
No PMDB, a disputa é acirrada. A
ala hoje hegemônica pretende ficar
com a presidência do Senado nas
mãos. É sua janela para a sobrevivência. Do outro lado, o lulista de primeira hora José Sarney pretende mudar o quadro.
Há indicações de que a cúpula do
PT esteja quase indiferente sobre
quem será o presidente do Senado. Os
petistas querem garantir o poder na
Câmara. Se Sarney perder para a ala
fernandista do PMDB, paciência.
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