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RECUO PROVIDENCIAL
O presidente norte-americano, George W. Bush, anunciou na quinta-feira a suspensão das
tarifas extras que havia imposto à importação de aço. A decisão de proteger os produtores locais havia sido
tomada em março do ano passado, e
deveria valer por três anos, embora o
presidente tivesse aberto a possibilidade de uma reavaliação no segundo
semestre de 2004. A queda da salvaguarda foi precipitada por determinação da Organização Mundial do
Comércio (OMC), que a considerou
ilegal, autorizando países exportadores, entre os quais figura o Brasil, a
retaliar comercialmente os EUA.
Para dourar a pílula, Bush sugeriu
que os ajustes requeridos pelos produtores norte-americanos já teriam
ocorrido, o que permitiria retornar
ao estágio anterior. Segundo o jornal
"The New York Times", embora o
setor tenha de fato promovido demissões e melhorado sua eficiência,
executivos da área não consideram
que a situação foi substancialmente
modificada. Sindicalistas manifestaram-se duramente contra a decisão.
Havia um forte lobby para que a proteção fosse mantida até 2005.
Além dos constrangimentos externos, essa rara reviravolta de uma administração pouco inclinada a ceder
a pressões foi auxiliada também por
alguns fatores internos. A indústria
consumidora de aço mostrava-se insatisfeita com os custos extras a que
foi submetida -com reflexos disseminados pela economia. Além disso,
o recente reaquecimento da atividade
econômica nos EUA propiciou um
ambiente mais confortável para o recuo do governo.
Não obstante, o presidente Bush
enfrentará problemas em Estados
produtores, alguns importantes para
a sua reeleição, como Ohio, Virgínia
Ocidental e Pensilvânia. Esse incômodo, no entanto, poderá ser eventualmente minimizado com outras
medidas que compensem as empresas atingidas. Para o comércio e as
relações internacionais, a decisão foi
providencial: não ceder significaria
agravar a percepção de que Bush não
acata as regras globais e insistir numa linha de intransigência que tem
azedado o relacionamento dos EUA
até mesmo com antigos aliados.
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