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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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EM BUSCA DE ALIADOS

Depois de ver frustrada sua tentativa de fazer com que as Nações Unidas desempenhassem um papel mais ativo na manutenção da paz no Iraque, os EUA agora procuram recorrer à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, pediu anteontem à Otan que "fizesse mais para manter a paz e a estabilidade no Iraque". O discurso de Powell, feito em Bruxelas a chanceleres de países da aliança, foi recebido friamente. Nenhum dos presentes, porém, descartou logo de início o pedido. Vale lembrar que França e Alemanha, as nações que lideraram a oposição mundial à guerra, fazem parte da Otan.
De fato, as coisas não vão bem para os EUA no Iraque. Novembro foi o mês mais violento para as tropas norte-americanas, quando pelo menos 72 soldados morreram em ações hostis. Desde que Washington declarou o fim dos principais combates no Iraque, em 1º de maio, quase 200 militares foram mortos em ações hostis. Mais do que isso, cidadãos de países que apóiam os EUA na ocupação também começaram a ser atacados. Britânicos, italianos, poloneses e japoneses também já sofreram baixas. Até a ONU e a Cruz Vermelha sofreram atentados.
A sensação que fica é que os EUA estão dispostos a ceder cada vez mais para diminuir o fardo de suas responsabilidades. Como Powell sugeriu, os EUA poderiam até aceitar que tropas da Otan atuassem sob comando independente. O secretário também falou em aumentar o poder da ONU no Iraque.
A verdade é que os custos da aventura iraquiana para os EUA estão ficando grandes demais. Para piorar o quadro, 2004 é um ano eleitoral e o presidente Bush, que disputará a reeleição, não quer correr o risco de ver sua candidatura à mercê de más notícias que possam vir da região. Agora que a economia dá sinais de forte recuperação, o Iraque parece ser o principal tormento presidencial.


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