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EM BUSCA DE ALIADOS
Depois de ver frustrada sua
tentativa de fazer com que as
Nações Unidas desempenhassem
um papel mais ativo na manutenção
da paz no Iraque, os EUA agora procuram recorrer à Otan (Organização
do Tratado do Atlântico Norte).
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, pediu anteontem à Otan que "fizesse mais para
manter a paz e a estabilidade no Iraque". O discurso de Powell, feito em
Bruxelas a chanceleres de países da
aliança, foi recebido friamente. Nenhum dos presentes, porém, descartou logo de início o pedido. Vale lembrar que França e Alemanha, as nações que lideraram a oposição mundial à guerra, fazem parte da Otan.
De fato, as coisas não vão bem para
os EUA no Iraque. Novembro foi o
mês mais violento para as tropas
norte-americanas, quando pelo menos 72 soldados morreram em ações
hostis. Desde que Washington declarou o fim dos principais combates
no Iraque, em 1º de maio, quase 200
militares foram mortos em ações
hostis. Mais do que isso, cidadãos de
países que apóiam os EUA na ocupação também começaram a ser atacados. Britânicos, italianos, poloneses
e japoneses também já sofreram baixas. Até a ONU e a Cruz Vermelha
sofreram atentados.
A sensação que fica é que os EUA
estão dispostos a ceder cada vez mais
para diminuir o fardo de suas responsabilidades. Como Powell sugeriu, os EUA poderiam até aceitar que
tropas da Otan atuassem sob comando independente. O secretário
também falou em aumentar o poder
da ONU no Iraque.
A verdade é que os custos da aventura iraquiana para os EUA estão ficando grandes demais. Para piorar o
quadro, 2004 é um ano eleitoral e o
presidente Bush, que disputará a reeleição, não quer correr o risco de ver
sua candidatura à mercê de más notícias que possam vir da região. Agora
que a economia dá sinais de forte recuperação, o Iraque parece ser o
principal tormento presidencial.
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