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ELIANE CANTANHÊDE
Essa, não!
BRASÍLIA - Justiça seja feita: de um jeito ou de outro, os crimes contra o promotor Francisco José Lins do Rego
Santos, de Minas, o publicitário Washington Olivetto, de São Paulo, e o
prefeito Celso Daniel, de Santo André, estão sendo desvendados -e
muito mais rapidamente do que se
supunha. Até um dos bandidos que
fugiram da prisão de helicóptero já
foi agarrado.
Que a Justiça se faça agora também
contra os criminosos. E isso significa,
por exemplo, não embalar a fantasia
de crime político para o sequestro de
Olivetto. O bando chileno não passa
disso: um bando comum, de bandidos incomuns.
Se o líder participou de atentados
políticos contra Pinochet nas décadas
de 70 e 80, problema deles lá no Chile.
Aqui no Brasil, ele sequestrou e poderia ter matado o brasileiro Olivetto.
Que não é chileno nem marechal
nem ditador. Ao que se saiba, nem
compactua com ditaduras.
Considerar o sequestro do publicitário como crime político seria como
vincular o Comando Vermelho do
Rio à luta pela libertação do Timor
Leste, ou o traficante Escadinha à revolução na Nicarágua. Tenha dó!
Conforme explica a leitora Cleide
Schmid, dourar o crime comum com
a pílula de político é a melhor saída
(em vários sentidos) para os criminosos. Além de permitir a questionável
extradição dos autores para seus países de origem, como ocorreu com os
sequestradores do empresário Abílio
Diniz, o "crime político" pode livrar o
autor de processo por crime hediondo. Estranho, mas real.
Para dar um fecho de ouro às investigações de todos esses crimes que
abalaram e abalam o Brasil, faltam
inquéritos bem amarrados, penas
duras e duas coisas fundamentais: a
conclusão sobre as mortes de Celso
Daniel e do também prefeito Toninho do PT, de Campinas, com a prisão dos responsáveis.
Com dois cuidados adicionais: evitar que o PT tenha piedade de sequestradores estrangeiros e que a coisa chegue de alguma forma ao Supremo Tribunal Federal, caindo nas
mãos (e no "rigor legal") daquele ministro... Você sabe quem.
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