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CONFLITO NO IRÃ
A queda-de-braço entre conservadores e reformistas no Irã
entrou em fase decisiva. O Conselho
de Guardiães reviu apenas cerca de
250 dos mais de 2.000 vetos a candidaturas de reformistas que havia imposto. Isso depois de instado pelo líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, a reconsiderar as proscrições.
Khamenei, que concentra poderes
quase absolutos, ainda pode evitar
um confronto mais direto com os reformistas caso opte ele mesmo por
liberar as candidaturas ou parte delas. Há dúvidas, porém, em relação a
suas intenções. Os 12 membros do
Conselho de Guardiães -seis juristas e seis clérigos- foram todos indicados pelo conservador Khamenei. Se ele de fato pretende chegar a
uma solução de compromisso, está
escolhendo a rota mais turbulenta.
Em princípio, a questão das candidaturas tem de ser resolvida até o próximo dia 20, data em que devem ocorrer as eleições legislativas.
É possível, porém, que a avaliação
dos conservadores seja a de que os
adversários estão fracos e que a hora
de enfrentá-los é agora. De fato, os
reformistas, liderados pelo presidente Muhammad Khatami, eleito em
1997 e reeleito em 2001, já gozaram
de maior popularidade.
O entusiasmo da população com
as reformas, que era evidente até alguns anos atrás, foi arrefecendo. Hoje, as palavras que melhor descrevem
a atitude dos iranianos em relação ao
governo Khatami são desencanto e
apatia. Não se pode, porém, excluir a
possibilidade de a causa reformista,
agora sob forte pressão conservadora, voltar a galvanizar a população.
Nesse cenário, poderia haver a volta
dos protestos de rua que deram início à revolução iraniana em 1978-79.
O Irã, que o presidente dos EUA
considera integrante do "eixo do
mal", pode ser mais uma perigosa
fonte de instabilidade numa região já
abalada pelas guerras no Afeganistão, no Iraque e pelo interminável
conflito israelo-palestino.
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