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CLÓVIS ROSSI
Um plano, pelo amor de Deus
PUEBLA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem: "Não temos um plano Lula, não temos um plano Palocci".
Por fim, não há como discordar do
presidente. De fato, o Brasil não tem
plano nenhum. Tem um receituário
de manual que, em todos os países
emergentes em que foi aplicado, ou
fracassou redondamente, ou mostrou-se escandalosamente insuficiente para aquilo que é fundamental em
qualquer política econômica: crescimento, emprego e renda.
Lula até admite que a credibilidade
das "coisas" virá com crescimento e
geração de empregos, mas ele acredita que tanto um como a outra virão
graças à estabilidade.
Engano. A realidade mostra que a
estabilidade, nos termos contratados
pelo governo do PT, é a estabilidade
dos cemitérios. A economia não se
mexe, os salários andam para trás, o
emprego mal se movimenta.
Ao contrário do que acredita o presidente, não se trata de opor "estabilidade" a uma "aventura descabida", uma segunda expressão que ele também usou ontem.
Se só houvesse esses dois caminhos,
a estabilidade medíocre (e não assegurada de todo, como se tem visto
nos últimos dias e se pode ver mais à
frente nos termos do artigo de Luiz
Carlos Mendonça de Barros nesta
Folha) ou a "aventura descabida",
então seria melhor fechar o barraco e
fugir para algum lugar que, sem
aventuras, tenha conseguido crescer,
gerar empregos, aumentar a renda,
reduzir a miséria e a desigualdade, as
tarefas não cumpridas até agora pelo
governo Lula.
Por incrível que possa parecer ao
presidente e a seu ministro da Fazenda, há países assim.
O que não dá mais é para continuar
repetindo a cantilena da paciência.
Lula já nem pode mais repetir a medíocre metáfora da criança que leva
nove meses para nascer, um ano para
começar a andar etc.
O seu governo já passou dos nove
meses, já passou de um ano, mas nem
anda nem diz a que veio.
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