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Quem samba por último
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - O Carnaval acaba amanhã, todo mundo descansa uns dias e
na próxima semana recomeça a folia
política em torno do novo mínimo.
O PFL não fez uma só reunião, um
só debate, não produziu um só documento argumentando com seriedade
a favor do mínimo de US$ 100, que
convencionou congelar em R$ 177 desde o início da discussão.
Quem puxou o cordão foi o deputado Luiz Antonio de Medeiros (PFL-SP) e os pefelistas nem levaram muito
a sério. Ocorre que Medeiros, antes de
ser deputado, é um velho sindicalista.
Falou, colou. Para surpresa do próprio
partido, que primeiro tentou tirar o
bloco da rua e depois, quando percebeu a animação, correu atrás.
Bom para o PFL, ruim para o governo. Se o próprio PFL, defensor do capital, virou arauto de um aumento do
mínimo para R$ 177, como justificar
que não dá? E não foi a primeira vez
que o PFL colocou FHC e o governo
contra a parede. Preço da gasolina,
combate à pobreza, medidas provisórias. A lista é bem grandinha.
Por isso -e porque sabe que, como
não foi a primeira, muito menos será a
última-, FHC botou as barbas de
molho. E resolveu entrar no samba
com o PSDB. Não o PSDB sozinho,
mas com o PTB, formalmente, e com o
PMDB, informalmente.
Governo e esses governistas estão
quebrando a cabeça para tentar evitar
o desfecho inevitável: de qualquer jeito, o PFL ganha e o governo perde.
Se o mínimo ficar em torno de R$
177, o PFL comemora e capitaliza. Se
fica em R$ 160, como deve ficar, o PFL
cobra e debita do PSDB e do PMDB.
Como não há hipótese de um valor
minimamente (sem trocadilho) decente, também não há hipótese de o
governo se sair bem dessa. Qualquer
que seja o salário, ele perde.
Em política, entretanto, ganhar no
curto prazo pode significar perder no
médio e vice-versa. Quanto mais comemorar ou tripudiar em torno do
mínimo, mais o PFL vai acirrar os ânimos e a animosidade contra ele. No
governo, no PSDB e no PMDB. Algumas vitórias acabam tendo o troco.
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