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MARCELO BERABA
Responsabilidades
RIO DE JANEIRO - É curioso o que ocorre no Rio neste momento. O foco
da análise da crise provocada pela
ação ininterrupta do narcotráfico
nos últimos dez dias fugiu do questionamento da política de segurança do
governo do Estado para se concentrar na polêmica sobre o papel das
Forças Armadas no combate à violência urbana.
É evidente que há algum erro grave
na política implantada por Garotinho a partir de 98 e retomada agora
por sua mulher, a governadora Rosinha. Ele se elegeu com a promessa de
criar uma "nova polícia". Segundo
dados divulgados durante sua campanha presidencial, nunca se investiu
tanto em segurança como no seu período. Mas o resultado final foi negativo, agravado pelos nove meses do
governo Benedita.
As polícias têm hoje mais homens,
armas, carros e recursos. Mas permaneceram, na essência, as mesmas.
Não houve as prometidas mudanças
de foco, de concepção, de métodos de
trabalho. São as mesmas polícias,
com os mesmos erros, vícios e deficiências. E quando o Exército e a nova força-tarefa criada ontem pelo governo federal deixarem o Rio, elas
continuarão as mesmas.
O governo do Estado tinha a obrigação de vir a público prestar contas
dessa política. Em que está errada?
Garotinho já escreveu mais de 350
páginas sobre segurança. Por que as
reformas que defende não foram implantadas? Onde estão os erros? Por
que não se muda o rumo?
É certo que a segurança do Rio depende também de ações do governo
federal, como a repressão ao contrabando de armas e às rotas de drogas e
a retomada do desenvolvimento.
Mas a transferência de toda a responsabilidade para Brasília, como
está sendo feito, é uma demonstração
de que o governo do Estado já não sabe o que fazer com as suas polícias e
com os seus presídios.
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