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ELIANE CANTANHÊDE
Ninguém se entende
BRASÍLIA - A área política e a área militar do governo falam linguagens
diferentes em relação ao uso do Exército no Rio. E os governadores Garotinho estão se esbaldando.
Depois de reunião com o presidente
e os ministros da Justiça, da Casa Civil e da Coordenação Política, o da
Defesa, José Viegas, anunciou à Folha, e confirmou em nota oficial, que
o Exército vai entrar no Rio, sim. Não
estava falando sozinho.
O chefe da Comunicação Social do
Exército, general Augusto Heleno Pereira, porém, declarou também à Folha que não é bem assim. E, no Rio, os
comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na região disseram aos Garotinho que não estão
entendendo nada. Tudo o que sabem
é pela imprensa.
Já que é pela imprensa, vamos lá: o
presidente e seus ministros políticos
decidiram que o Exército precisa entrar. Mas se esqueceram de combinar
com "os adversários", ou "os russos"
-os próprios militares. Não há um
planejamento pronto e acabado para
as operações.
Uma das questões é semântica:
quanto à expressão "subir o morro".
Quem imaginar soldados profissionais atacando os morros e atirando
para todo lado está ficando maluco.
De outro lado, não dá para sentarem
calmamente aos pés das favelas admirando a guerra entre policiais e
quadrilhas. No meio termo, eles devem comandar ações das polícias para prender líderes e armamento.
Outra questão é o cenário, o momento. Há setores militares insatisfeitos com os soldos e com o tratamento à greve da PF e às invasões do
MST. Além de não se habituarem ao
estilo do chefe Viegas, um diplomata.
Nisso tudo, um dado importante é o
casal Garotinho, que adora o circo
pegando fogo em Brasília. Era assim
com FHC. Continua sendo com Lula.
A reunião de segunda-feira no Rio,
com os ministros e governadores, não
deve ser das melhores. E, enquanto se
discute o que é "subir o morro", quem
está ganhando essa guerra não é o
governo Lula, não é o governo Rosinha, não são as Forças Armadas. Todos nós sabemos quem é.
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