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PEDÁGIO LONDRINO
Passados pouco mais de três
meses da implantação do pedágio urbano em Londres, a experiência já pode ser considerada um sucesso. O volume de tráfego no centro
da capital inglesa foi reduzido em
cerca de 20%, e os transportes públicos estão suportando relativamente
bem a demanda extra. Pesquisas indicam que 75% dos executivos que
trabalham na City estão satisfeitos
com a novidade, que foi introduzida,
sob pesadas críticas, pelo polêmico
prefeito Ken Livingstone.
As 100 milhões de libras que a Prefeitura de Londres espera arrecadar
por ano com o pedágio deverão
amortizar a parafernália eletrônica
usada no sistema de câmaras para
fiscalização do sistema e financiar
melhorias no transporte público.
É claro que a aprovação não é unânime. Os pequenos comerciantes da
região central se queixam do aumento de custos; parte dos usuários de
transportes públicos considera que o
sistema piorou devido à sobrecarga.
Mas até o premiê britânico, Tony
Blair, velho desafeto de Livingstone e
que de início era contra o pedágio,
reconhece que ele está funcionando.
Seria insensatez comparar São
Paulo a Londres. As diferenças são
enormes. Para começar, a capital
bretã conta com uma infra-estrutura
de transportes públicos (metrô e ônibus) com a qual o paulistano nem sequer ousa sonhar. Também são formidáveis as dessemelhanças no perfil dos que trabalham e habitam nas
zonas centrais de ambas as cidades.
Concluir, porém, que a experiência
londrina não pode ser transposta automaticamente para São Paulo não
significa descartar liminarmente a
idéia. O rodízio de veículos que existe
por aqui é, no fundo, uma forma
não-explícita de pedágio. É o caso de
pensar, portanto, em transformá-lo
em receitas que possam ser usadas
na melhoria do trânsito. Uma das
poucas certezas sobre o trânsito de
São Paulo é que, sem investimentos
em transporte público de qualidade,
a cidade terá de enfrentar um tráfego
cada dia mais caótico.
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