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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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PEDÁGIO LONDRINO

Passados pouco mais de três meses da implantação do pedágio urbano em Londres, a experiência já pode ser considerada um sucesso. O volume de tráfego no centro da capital inglesa foi reduzido em cerca de 20%, e os transportes públicos estão suportando relativamente bem a demanda extra. Pesquisas indicam que 75% dos executivos que trabalham na City estão satisfeitos com a novidade, que foi introduzida, sob pesadas críticas, pelo polêmico prefeito Ken Livingstone.
As 100 milhões de libras que a Prefeitura de Londres espera arrecadar por ano com o pedágio deverão amortizar a parafernália eletrônica usada no sistema de câmaras para fiscalização do sistema e financiar melhorias no transporte público.
É claro que a aprovação não é unânime. Os pequenos comerciantes da região central se queixam do aumento de custos; parte dos usuários de transportes públicos considera que o sistema piorou devido à sobrecarga. Mas até o premiê britânico, Tony Blair, velho desafeto de Livingstone e que de início era contra o pedágio, reconhece que ele está funcionando.
Seria insensatez comparar São Paulo a Londres. As diferenças são enormes. Para começar, a capital bretã conta com uma infra-estrutura de transportes públicos (metrô e ônibus) com a qual o paulistano nem sequer ousa sonhar. Também são formidáveis as dessemelhanças no perfil dos que trabalham e habitam nas zonas centrais de ambas as cidades.
Concluir, porém, que a experiência londrina não pode ser transposta automaticamente para São Paulo não significa descartar liminarmente a idéia. O rodízio de veículos que existe por aqui é, no fundo, uma forma não-explícita de pedágio. É o caso de pensar, portanto, em transformá-lo em receitas que possam ser usadas na melhoria do trânsito. Uma das poucas certezas sobre o trânsito de São Paulo é que, sem investimentos em transporte público de qualidade, a cidade terá de enfrentar um tráfego cada dia mais caótico.


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