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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Bastidores dos radicais

BRASÍLIA - Por que o PT não afastou os chamados radicais da bancada do partido na Câmara e no Senado em vez de iniciar precocemente um ruidoso processo de expulsão na Comissão de Ética da sigla?
Resposta: havia maioria dentro da bancada da Câmara para tomar tal procedimento, mas não no Senado. Assim, ficou decidido que os radicais seriam todos enviados diretamente para a Comissão de Ética.
Quando chegou o momento de fazer a reunião, num domingo do mês passado, a direção percebeu o erro cometido. Normalmente dedicado ao futebol e às corridas de Fórmula 1, aquele domingo seria oferecido de bandeja para a mídia rechear os jornais de segunda-feira com a possível expulsão de congressistas do PT. O julgamento foi adiado para o dia 28 deste mês, um sábado.
Não se sabe ainda o que o partido fará quando chegar a hora. O circo será armado de novo.
A cúpula petista enxerga como quase irreversível a saída de dois ou três congressistas da sigla. Só que preferiria ficar sem a pecha de "Torquemada" que já vai colando aos poucos. Para isso, o ideal seria aguardar alguma votação concreta no Congresso. Se a infidelidade for de fato configurada na prática, com o voto contrário dos radicais, aí sim haveria uma razão concreta para promover uma eventual expulsão dos infiéis.
Estaria afastado o argumento desconfortável de perseguir congressistas apenas por "delito de opinião". A punição seria decorrente de uma atitude real de afronta à posição da maioria da bancada.
Tudo agora parece óbvio, mas a tradição de muito debate e inexperiência de poder foram responsáveis pelo barulho desproporcional causado por meia dúzia de radicais.
O PT aprende a duras penas a se controlar em público. Mas os radicais ainda vão ocupar muito espaço até serem uma página virada.


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