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CARLOS HEITOR CONY
Seria uma pena
RIO DE JANEIRO - Se dependesse de mim, Lula teria sofrido um
impeachment no final de seu primeiro mandato, por conta dos escândalos do mensalão. Impossível
que ele não soubesse e não tolerasse a corrupção que se instalou à sua
volta, ceifando inclusive o seu auxiliar mais próximo e importante.
A vida seguiu seu curso, ele foi
reeleito, não fez nada que prestasse
até agora e lançou o PAC -que está
abastecendo novos escândalos.
Mesmo assim, sem dar a mão à palmatória (a vida segue em frente e
muita água continuará movendo os
moinhos de sempre), acredito que,
em termos de imagem pública e
pessoal, ele se saiu bem em dois lances recentes.
Em entrevista a um jornalista da
BBC, em Londres, ele deu um show,
não negou fogo em nenhuma das
provocações que recebeu, defendeu
a posição do Brasil em relação à
Amazônia de forma brilhante, fazendo o jornalista gaguejar diante
das razões que apresentou.
Nesta semana, foi surpreendido
com o indiciamento de seu irmão
mais velho pela Polícia Federal e
com a prisão de amigos de longa data que estariam comprometidos
com o sistema dos bingos. Dizem
que sua primeira reação foi violenta, soltou os palavrões que o homem comum costuma soltar quando contrariado. Mas, em público,
falando como presidente da República, botou as coisas no devido lugar.
Pessoalmente, garantiu que acredita na inocência de seu irmão, entre outros motivos, porque "ele não
tem cabeça para fazer lobby". A inocência seria de ordem intelectual.
Como presidente, ele não só elogiou e apoiou as ações da PF como a
estimulou a continuar o seu trabalho, tentando acabar com as diversas fontes de corrupção.
Pode ser que, por baixo do pano,
ele faça algum movimento para livrar a cara do irmão e dos amigos.
Será uma pena.
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