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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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PRESIDÊNCIA EUROPÉIA

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, não poderia ter inaugurado de forma mais ruidosa seu mandato na Presidência rotativa da União Européia. Ao se referir a um eurodeputado alemão como potencial ator de filme sobre o nazismo, reabriu feridas, provocou polêmica e reforçou as expectativas de que sua gestão poderá ser marcada por instabilidade.
O magnata das comunicações tem sido visto com desconfiança em outros países do continente. O apoio que ofereceu a George W. Bush por ocasião da Guerra do Iraque colocou-o em posição de confronto com os dois países mais poderosos da UE, França e Alemanha.
A recente aprovação, pelo Parlamento italiano, de legislação que concede imunidade a políticos contra processos judiciais -feita sob medida para atender ao interesse de Berlusconi, alvo de diversas ações- deixou o premiê em situação ainda mais difícil perante seus pares.
O estilo personalista de Berlusconi é visto com apreensão especialmente pelo fato de que, durante a atual gestão italiana, que se estende até o final do ano, os países que participam ou que estarão ingressando na comunidade deverão votar o projeto de Constituição para a Europa.
Caberá à Presidência da UE coordenar esse processo, o que exigirá, certamente, capacidade de mediar e encaminhar conflitos. Nesse sentido, a estréia de Berlusconi não foi das mais auspiciosas.
Não se deve, contudo, superestimar o papel do presidente de turno nesse processo, que conta, obviamente, com outros canais de negociação. Serão meses importantes para o futuro da comunidade européia. Esse grupo de países superou o desafio de reunir num mesmo bloco ex-adversários, ainda em passado recente conflagrados em guerras sangrentas. Contra prognósticos pessimistas, foi além, criando e implantando uma moeda comum. Ao que se espera, levará a bom termo os entendimentos sobre a nova Carta.


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