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PRESIDÊNCIA EUROPÉIA
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, não poderia ter inaugurado de forma mais
ruidosa seu mandato na Presidência
rotativa da União Européia. Ao se referir a um eurodeputado alemão como potencial ator de filme sobre o
nazismo, reabriu feridas, provocou
polêmica e reforçou as expectativas
de que sua gestão poderá ser marcada por instabilidade.
O magnata das comunicações tem
sido visto com desconfiança em outros países do continente. O apoio
que ofereceu a George W. Bush por
ocasião da Guerra do Iraque colocou-o em posição de confronto com
os dois países mais poderosos da
UE, França e Alemanha.
A recente aprovação, pelo Parlamento italiano, de legislação que
concede imunidade a políticos contra processos judiciais -feita sob
medida para atender ao interesse de
Berlusconi, alvo de diversas ações-
deixou o premiê em situação ainda
mais difícil perante seus pares.
O estilo personalista de Berlusconi
é visto com apreensão especialmente
pelo fato de que, durante a atual gestão italiana, que se estende até o final
do ano, os países que participam ou
que estarão ingressando na comunidade deverão votar o projeto de
Constituição para a Europa.
Caberá à Presidência da UE coordenar esse processo, o que exigirá, certamente, capacidade de mediar e encaminhar conflitos. Nesse sentido, a
estréia de Berlusconi não foi das
mais auspiciosas.
Não se deve, contudo, superestimar o papel do presidente de turno
nesse processo, que conta, obviamente, com outros canais de negociação. Serão meses importantes para o futuro da comunidade européia.
Esse grupo de países superou o desafio de reunir num mesmo bloco ex-adversários, ainda em passado recente conflagrados em guerras sangrentas. Contra prognósticos pessimistas, foi além, criando e implantando uma moeda comum. Ao que
se espera, levará a bom termo os entendimentos sobre a nova Carta.
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