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É DANDO QUE SE RECEBE
Denúncias referentes à recente liberação de verbas orçamentárias parecem contradizer declarações do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva por ocasião do balanço
dos 18 meses de mandato.
Na ocasião, Lula afirmou que o governo estaria provando ser possível
estabelecer uma relação saudável e
democrática entre os poderes Executivo e Legislativo em vez do velho "é
dando que se recebe". O ministro José Dirceu, da Casa Civil, reforçou a
fala do presidente e sentenciou que o
governo tem efetuado a distribuição
dos recursos do Orçamento da
União de forma neutra e "sem coloração político-eleitoral".
Não é isso o que indicam os dados
levantados pela oposição junto ao
Siafi (Sistema de Administração Financeira do Governo Federal). Os
números mostram claramente a preferência dada aos pedidos feitos por
parlamentares que integram a base
da atual administração e são candidatos a prefeito nas próximas eleições. Para ter uma idéia, o governo liberou apenas 1,9% dos R$ 27 milhões almejados por parlamentares
de oposição contra 45,8% dos R$ 120
milhões requisitados por aliados.
É escandaloso, por exemplo, que a
cidade do Rio de Janeiro - administrada pelo pefelista Cesar Maia- tenha recebido menos recursos que
Sobral, do interior do Ceará. Não se
trata de afirmar que cidades menores
devam ficar no final da fila, mas é
constrangedor constatar que o município cearense agraciado com as
verbas da União é governado por um
irmão do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS-CE).
A distribuição de verbas a aliados é
conduta conhecida e, no passado, foi
várias vezes vigorosamente denunciada e combatida com rigor pelos
petistas. Lamentavelmente, a ocorrência de episódios como esses dão a
impressão de que, diante das dificuldades inerentes a gestão de um país
como o Brasil, o PT aderiu às práticas
que sempre condenou.
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