São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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AVANÇO DA AIDS

A epidemia de Aids continua crescendo em ritmo preocupante no mundo. Só no ano passado, quase 5 milhões de pessoas contraíram o vírus causador da moléstia, segundo o mais recente relatório das Nações Unidas sobre a doença. As estatísticas globais impressionam: o número de pessoas vivendo com o HIV cresceu de 35 milhões em 2001 para 38 milhões em 2003. No ano passado 3 milhões morreram por causas ligadas à Aids. Desde que surgiram os primeiros casos, em 1981, a síndrome já matou 20 milhões.
A situação é mais grave na África subsaariana. Com apenas 10% da população mundial, essa região concentra quase 2/3 dos casos de Aids. Dos 3 milhões de mortes registrados em 2003, 2,2 milhões foram na África, que, por ser a porção mais pobre do planeta, é a que oferece pior tratamento médico para as vítimas.
Os olhos dos epidemiologistas, contudo, voltam-se para a Ásia, onde o perfil da epidemia assume características inquietantes. Estima-se que 7,4 milhões de pessoas vivam com o vírus na região. Mas só no ano passado o número de novas infecções foi de 1,1 milhão -um incremento de quase 20%. Os países onde a doença se espalha mais rapidamente são a China, a Indonésia e o Vietnã.
O que assusta é que a Ásia é lar de 60% da população mundial. Se a epidemia assumir nessa região padrões apenas próximos aos da África, o resultado seria uma mortandade nem ao menos imaginada até agora.
O Brasil, palco de tantas mazelas, soube lidar bem com a epidemia de Aids. Recebe menções elogiosas da ONU tanto no campo da prevenção como no do tratamento aos doentes. O próprio governo brasileiro estima que a distribuição gratuita de drogas anti-retrovirais resultou numa economia de US$ 2,2 bilhões que teriam sido gastos com internações hospitalares de portadores do HIV. Tamanho sucesso engendra uma pergunta incômoda: por que não se conseguem resultados semelhantes com tantas outras doenças?


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