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EDUCAÇÃO SEM PROVA
Em tese, o programa Brasil Alfabetizado, iniciado pelo governo federal em 2003, possui ao menos
dois aspectos positivos. O projeto
propõe parcerias entre o Ministério
da Educação e ONGs (organizações
não governamentais) do setor, ao
mesmo tempo em que elege a eliminação do analfabetismo como meta
prioritária da atual gestão -sinalizando a disposição do governo federal de empregar recursos no combate
a esse grave problema.
No entanto, fatos recentes lançam
suspeitas de que o MEC tem sido no
mínimo negligente na execução do
projeto que até o momento rendeu
aos parceiros do governo R$122 milhões. A avaliação de aprendizagem
dos alunos apresentada pela ONG
Alfabetização Solidária teve resultados quase desoladores. Segundo a
organização, dentre os estudantes
que concluíram o curso 15% permanecem no analfabetismo, aproximadamente 38% compreendem apenas
palavras isoladas e cerca de 26%,
apenas fragmentos de textos. Vale
lembrar que a Alfabetização Solidária foi a única parceira do governo a
realizar uma avaliação desse tipo.
É verdade que seria possível argumentar que essas cifras não expressam a realidade do programa, pois se
referem somente a uma instituição.
Ainda assim, salta aos olhos o fato de
que indicadores de qualidade de
aprendizagem não participem da
contabilidade do MEC. Em atitude
que explicita o vezo propagandístico
que marca as políticas sociais do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a gestão do ministro Tarso Genro tem trazido a público apenas o número de
alunos matriculados e os valores investidos pela administração petista.
O analfabetismo é fonte de prejuízos incalculáveis à cidadania e constitui uma das mais perversas formas
de exclusão social. A importância incontestável da erradicação dessa mazela demanda que o programa seja
conduzido com mais rigor e que os
resultados sejam conhecidos.
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