São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2004

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EDUCAÇÃO SEM PROVA

Em tese, o programa Brasil Alfabetizado, iniciado pelo governo federal em 2003, possui ao menos dois aspectos positivos. O projeto propõe parcerias entre o Ministério da Educação e ONGs (organizações não governamentais) do setor, ao mesmo tempo em que elege a eliminação do analfabetismo como meta prioritária da atual gestão -sinalizando a disposição do governo federal de empregar recursos no combate a esse grave problema.
No entanto, fatos recentes lançam suspeitas de que o MEC tem sido no mínimo negligente na execução do projeto que até o momento rendeu aos parceiros do governo R$122 milhões. A avaliação de aprendizagem dos alunos apresentada pela ONG Alfabetização Solidária teve resultados quase desoladores. Segundo a organização, dentre os estudantes que concluíram o curso 15% permanecem no analfabetismo, aproximadamente 38% compreendem apenas palavras isoladas e cerca de 26%, apenas fragmentos de textos. Vale lembrar que a Alfabetização Solidária foi a única parceira do governo a realizar uma avaliação desse tipo.
É verdade que seria possível argumentar que essas cifras não expressam a realidade do programa, pois se referem somente a uma instituição. Ainda assim, salta aos olhos o fato de que indicadores de qualidade de aprendizagem não participem da contabilidade do MEC. Em atitude que explicita o vezo propagandístico que marca as políticas sociais do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a gestão do ministro Tarso Genro tem trazido a público apenas o número de alunos matriculados e os valores investidos pela administração petista.
O analfabetismo é fonte de prejuízos incalculáveis à cidadania e constitui uma das mais perversas formas de exclusão social. A importância incontestável da erradicação dessa mazela demanda que o programa seja conduzido com mais rigor e que os resultados sejam conhecidos.


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