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DOUTRINA SHARON
Não há como deixar de lamentar o agravamento da dinâmica de violência que tem marcado
ações de israelenses e de palestinos
no Oriente Médio. É claro que Israel
tem o direito de defender-se de atos
ignominiosos como o atentado na
cidade de Haifa que matou 19 pessoas. É preciso, porém, reconhecer
que a resposta israelense contra a Síria é politicamente temerária, ao trazer o risco de uma ampliação do conflito, além de abusiva e quase inócua
em termos de autodefesa. Os próprios militares israelenses admitem
que a operação não deverá reduzir a
capacidade de grupos palestinos realizarem atos de terror.
Não será exibindo seu músculo militar que Israel conseguirá, como é
seu direito, fronteiras seguras dentro
das quais sua população possa viver.
Se existe um caminho para a paz no
Oriente Médio, ele passa pelo reconhecimento de direitos da parte adversária e pela negociação, não por
ações militares e de terrorismo.
Infelizmente, é a lógica do confronto e da provocação a que tem
predominado. Em outros tempos, a
incursão sobre território sírio -a
primeira desde a guerra de 1973-
poderia ter provocado protestos até
mesmo dos EUA, que normalmente
apóiam as ações israelenses.
Ocorre, porém, que o gabinete do
primeiro-ministro Ariel Sharon, utilizando-se do mesmo discurso antiterrorista de George W. Bush, procura valer-se de argumentos comparáveis aos esgrimidos pela Casa Branca
para "justificar" a invasão do Afeganistão e do Iraque.
A crer nas primeiras reações norte-americanas, a tática logrou resultados. A Casa Branca apenas reafirmou que o Estado de Israel tem direito a se defender e deixou bastante
claro que, a Síria escolheu "o lado errado" na luta contra o terrorismo.
Israel, que é a potência militar inconteste da região, vai, portanto, se
abrigando sob os princípios da Doutrina Bush, que prevê ataques preventivos. Não é difícil perceber que,
se todos os Estados se julgarem no
direito de agir do mesmo modo, o
mundo estará condenado ao caos.
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