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A VIAGEM DE BENEDITA
Ao comentar a viagem oficial
da ministra Benedita da Silva a
Buenos Aires, onde participou de um
evento religioso, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse que "não
passa na cabeça de ninguém" que
uma pessoa com o histórico e a "notoriedade política da companheira"
fosse cometer tamanha falha. Pois é
exatamente o que está se passando
pela cabeça de todos aqueles que
acompanharam o episódio.
Como se sabe, a ministra da Assistência e Promoção Social participou
na capital argentina do 12.º Café da
Manhã de Oração, promovido por
organizações evangélicas, ao qual
compareceram personalidades diversas, entre elas o anti-socialista Alfredo Martínez de Hoz, ex-ministro
do general Jorge Rafael Videla. Benedita tentou justificar a viagem afirmando que o motivo seria um encontro com a ministra de Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner. No
entanto, a solicitação da audiência
com a autoridade argentina foi realizada apenas na véspera do encontro,
depois de a viagem já ter sido registrada no "Diário Oficial".
O presidente Lula, numa tentativa
de colocar panos quentes sobre a
questão, afirmou ainda que "mesmo
que ela tenha errado, você tem de ter
a grandeza de até chamar a atenção,
mas você não pode crucificar as pessoas". Ora, fosse o presidente o homem de oposição de outros tempos,
e fosse a ministra ligada ao governo
anterior, não é preciso muita imaginação para intuir qual seria o discurso do PT a respeito do caso.
Não se trata de condenar a ministra
antecipadamente, mesmo porque há
uma investigação em curso. Os ingredientes da história, de fato, exigem esclarecimentos mais conclusivos. É de esperar que a apuração, intermediada pelo procurador-geral da
República, seja rigorosa.
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