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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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A VIAGEM DE BENEDITA

Ao comentar a viagem oficial da ministra Benedita da Silva a Buenos Aires, onde participou de um evento religioso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "não passa na cabeça de ninguém" que uma pessoa com o histórico e a "notoriedade política da companheira" fosse cometer tamanha falha. Pois é exatamente o que está se passando pela cabeça de todos aqueles que acompanharam o episódio.
Como se sabe, a ministra da Assistência e Promoção Social participou na capital argentina do 12.º Café da Manhã de Oração, promovido por organizações evangélicas, ao qual compareceram personalidades diversas, entre elas o anti-socialista Alfredo Martínez de Hoz, ex-ministro do general Jorge Rafael Videla. Benedita tentou justificar a viagem afirmando que o motivo seria um encontro com a ministra de Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner. No entanto, a solicitação da audiência com a autoridade argentina foi realizada apenas na véspera do encontro, depois de a viagem já ter sido registrada no "Diário Oficial".
O presidente Lula, numa tentativa de colocar panos quentes sobre a questão, afirmou ainda que "mesmo que ela tenha errado, você tem de ter a grandeza de até chamar a atenção, mas você não pode crucificar as pessoas". Ora, fosse o presidente o homem de oposição de outros tempos, e fosse a ministra ligada ao governo anterior, não é preciso muita imaginação para intuir qual seria o discurso do PT a respeito do caso.
Não se trata de condenar a ministra antecipadamente, mesmo porque há uma investigação em curso. Os ingredientes da história, de fato, exigem esclarecimentos mais conclusivos. É de esperar que a apuração, intermediada pelo procurador-geral da República, seja rigorosa.


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