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CLÓVIS ROSSI
Grandão de calça curta
BRUXELAS - O Brasil está sendo tratado pelos europeus como parte do,
digamos, quadrado mágico das negociações comerciais planetárias.
Paolo Guizotti, que supervisiona para a Comissão Européia o conjunto
das negociações, chega a dizer que o
Brasil, com Índia, Estados Unidos e a
própria UE, é parte do "novo quad".
O "quad" anterior (o quadrado
mágico anterior) era formado por
EUA, UE, Japão e Canadá, ou seja,
por três das maiores potências do planeta, o bloco que rivaliza com os Estados Unidos em matéria de capacidade econômica.
Essa comparação basta para que se
entenda o tamanho do "upgrade"
que os europeus estão dando ao Brasil -desproporcional, de resto, ao reduzido peso que o país tem no comércio internacional. Mas o afago não
vem de graça.
Peter Mandelson, o comissário europeu para o comércio e, como tal, a
mais alta autoridade européia em
negociações internacionais, cobra,
por exemplo, que Brasil (e a Índia, o
outro emergente no suposto "novo
quad") desempenhe um "papel de liderança também em bens industriais
e em serviços".
Tradução: além de cobrar a abertura agrícola do mundo rico, ajudem a
liberalizar outros setores, o que está
longe de ser uma prioridade para o
Brasil, centrado na agricultura.
Mais diretamente, a eurodeputada
socialista alemã Erika Mann diz que
"o Brasil não está administrando
adequadamente o seu novo papel
global". Para ela -o que, de resto, é
consenso entre os eurodeputados-,
o nome do jogo nas negociações comerciais é "eu faço, vocês fazem". Ou
seja, se o Brasil quer concessões na
agricultura, terá que fazê-las nas
áreas de interesse dos europeus.
Aí é que começa o problema: o Brasil, sempre afogado no curto-prazismo, não consegue saber direito o que
quer fazer quando crescer. Já cresceu,
pelo menos visto de longe.
PS - Errei o número de deputados
brasileiros no texto de ontem. São
513, não 581.
@ - crossi@uol.com.br
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