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Prioridade à propaganda
A PRETEXTO de ajustar seus
gastos a um orçamento
mais curto, a gestão Gilberto Kassab (DEM) deu seguidas demonstrações de desorientação em suas prioridades.
O prefeito de São Paulo chegou
a determinar cortes na varrição e
na coleta de lixo. Depois de expostas as imagens do entulho
que se acumulava pelas vias -e
após um temporal que alagou e
paralisou a capital-, Kassab recuou. Antes disso, a administração já desistira de suprimir uma
das cinco refeições diárias dos
alunos das creches municipais.
Que lógica, afinal, haveria por
trás dos cortes anunciados? À
primeira vista, obedeceriam a
uma ação organizada de redução
de custos, como consequência da
crise econômica. Se a tesoura
ameaçou cortar até a comida das
creches, supõe-se que não haveria mais gordura para queimar.
Aí começam as contradições.
A verba para publicidade oficial não sofreu cortes. Ao contrário, a previsão no início do ano
era gastar R$ 31 milhões. Após
sucessivos aportes, a despesa
prevista até dezembro mais que
dobrou e atingiu R$ 80 milhões.
A título de comparação, a economia com a varrição e a coleta de
lixo seria de R$ 3,5 milhões.
Agora Kassab anuncia gasto de
R$ 105 milhões em propaganda
em 2010, quantia recorde. É
mais do que pretende destinar à
construção e à reforma de corredores de ônibus. A administração alega que a verba publicitária
atende a programas de interesse
da população. Ampliar e melhorar corredores de ônibus, imprimir mais velocidade à limpeza
das vias e das bocas de lobo, treinar professores e agentes de saúde..., há uma lista de despesas
bem mais interessantes e prioritárias para os paulistanos.
É de estranhar, aliás, tamanho
impulso nos gastos de propaganda quando o prefeito afirma que
não será candidato no ano que
vem. Se parece difícil vislumbrar
o que Kassab ganhará com a operação, o certo é que a população
paulistana sairá perdendo.
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