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Casa de marimbondos
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Você se lembra dos bancos
Marka e FonteCindam, que geraram
um escândalo, mobilizaram a Polícia
Federal e produziram uma CPI?
Se R$ 1,57 bi causaram aquilo tudo,
por que os R$ 90 bi que a União injetou nos bancos estaduais desde 1996
não causam nada? Nem escândalo,
nem inquérito, nem CPI.
É simples. Porque os bancos estaduais sempre foram um instrumento
político dos governadores, encheram
as burras das empresas privadas e todos fecharam um pacto de silêncio.
O banco empregava os amigos, emprestava aos amigos, financiava as
eleições dos amigos e era obrigado a
comprar os títulos emitidos pelo Estado sempre que a corda apertava. E nada disso era pago depois. Soma daqui,
nunca diminui dali, o resultado é um
rombo monumental. Que, invariavelmente, cai no colo do governo federal.
Ou seja, no seu.
Há bancos estaduais "saneados"
duas, três vezes. Quebra, saneia, quebra, saneia, quebra... Recebe montanhas de dinheiro para pagar em suaves prestações mensais, em 30 anos. E
acaba quebrando de novo.
Como o Senado é cheio de ex-governadores e a Câmara, de potenciais governadores, simplesmente não há
"mão-de-obra" para tocar uma CPI
sobre os bancos estaduais. E a CPI dos
Bancos, que acabou mansamente,
sem ruído, nem tocou no assunto.
A privatização é a melhor saída, inclusive para o Banespa. E o que se discute agora é abrir a venda ou não para
compradores estrangeiros.
Quem quer abrir é a área econômica, que segue à risca o manual liberal-globalizante. Quem não quer é a área
política, com um bom argumento: o
estrangeiro compra o banco pagando
juros de 5,75% ao ano nos EUA e passa a cobrar juros de 19% aqui. O que
acontece? Os juros que você paga aqui
vão quitar rapidamente a dívida que
ele tem lá. Um negócio da China!
Antes, pagávamos as orgias políticas
dos bancos, ou as orgias bancárias dos
políticos. Agora, vamos dar o Banespa
de presente para os gringos?
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