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MUDANÇA DE ROTA
Não surpreendeu o fato de já
terem surgido reações internacionais contra as barreiras às importações de aço anunciadas pelos EUA
na terça-feira. A reação mais relevante foi a da União Européia, que prometeu congelar suas importações do
produto nos níveis de 2001, visando a
estancar o previsível desvio ao mercado europeu de produção antes endereçada aos EUA. Dessa maneira o
mercado internacional de aço, que já
vinha atravessando uma crise séria
desde o final da década de 1990, passa a viver, claramente, uma guerra
comercial. Cabe ao Brasil reagir não
apenas no âmbito das negociações
comerciais e da Organização Mundial de Comércio, mas também no
campo específico das políticas para a
indústria de aço no Brasil.
A siderurgia brasileira tem sido há
anos fonte de esperanças e de frustrações. A produção nacional já demonstrou ter sólida competitividade
em vários ramos, mas ainda não nos
ramos mais nobres, de maior valor
adicionado e com demanda internacional mais dinâmica. As exportações do setor já trouxeram grande
contribuição para as contas externas
do país, mas, nas ocasiões em que as
vendas internas cresceram com força
(como no Plano Cruzado e no início
do Real), observou-se uma perda de
impulso das exportações de aço. Isso
revela que o setor vem operando
muito perto do limite de sua capacidade de produção.
No momento, várias empresas do
setor siderúrgico brasileiro estão
pondo em curso programas de investimento que ajudariam a aumentar a oferta. Ocorre que originalmente a maioria de tais investimentos estava orientada a atender ao mercado
externo, que agora se fecha.
Os esforços da diplomacia brasileira poderão até atenuar esse fechamento, recorrendo, por exemplo, à
Organização Mundial do Comércio.
No entanto, mesmo que esse recurso
diplomático frutifique, as empresas
do setor e o governo estarão, muito
provavelmente, diante do desafio de
reorientar para o mercado interno
uma parte do horizonte de expansão
da siderurgia brasileira.
Ao lado disso, caberá redobrar os
esforços em direção à produção de
bens siderúrgicos mais nobres. Nesses ramos, o mercado internacional
é mais promissor por várias razões: a
demanda cresce com maior velocidade; a incidência de medidas de restrição às importações tende a ser menor; e, de modo geral, não há excesso de oferta internacional.
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