São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Breve história do PFL

SÃO PAULO - Depois de 500 anos, o PFL deixa o governo. Não, leitor, não é engano. O PFL, com esse nome, só tem 18 anos, mas seus caciques descendem, em linha direta, dos donos das capitanias hereditárias.
Estiveram, pois, no poder na colônia como no país independente, no Império e na República, na democracia como na ditadura.
Pena que saiam do governo não por um motivo nobre. O PFL não se rebelou, durante o regime militar, com as continuadas violações aos direitos humanos.
Não rompeu com Sarney por causa do descalabro econômico, que levou a uma inflação obscena de 80% ao mês. Não viu na falta de decoro de Collor motivo para deixar o governo. Ao contrário, foi até o fim, a ponto de Luís Eduardo Magalhães (que seria presidenciável, não tivesse morrido) ter feito o discurso de defesa na sessão em que a Câmara autorizou o início do processo de impeachment.
Só agora, uma operação policial determinada pela Justiça indigna o PFL a ponto de levá-lo ao rompimento. Os antecedentes e o gesto de agora dizem muito sobre o partido.
Está usando a velha tática de, ante uma suspeita, reagir atirando. De repente, o público acredita nos tiros do PFL e não nos tiros que potencialmente atingem a sua presumível candidata presidencial.
É eloquente sobre essa tática a versão do senador José Sarney para o fax enviado por policiais federais ao Planalto. Para Sarney, o texto festejava o resultado da operação. Agora, vem o próprio advogado da família e diz que não foi nada disso. Fax houve, mas para enviar o mandado de busca e apreensão.
De todo modo, uma versão apimentada sempre pega aqui e ali.
O fato é que essa história é briga pelo poder apenas. Nada tem a ver com o meu, o seu, o nosso interesse.



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