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CLÓVIS ROSSI
"Catuco", sim, Severino
SÃO PAULO - Virou moda. Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gabar-se de ter sido formado pela
vida e pelos percursos que fez pelo
Brasil, não por alguma faculdade específica, é a vez de o presidente da
Câmara, Severino Cavalcanti, orgulhar-se de ter frequentado a "universidade do povo".
Nada contra, em princípio. Já escrevi aqui mesmo, mais de uma vez e no
auge do preconceito contra Lula, que
o Brasil havia sido sempre governado
por "doutores" e o resultado estava
longe de ser brilhante.
Não seria um operário que faria estrago maior ainda. Poderia até corrigir alguns dos estragos herdados se
não tivesse feito a opção preferencial
pela cartilha dos "doutores". Mas
uma coisa é não ver problemas no fato de o presidente ou o presidente da
Câmara não terem formação. Outra
coisa, completamente diferente e tonta, é orgulhar-se dessa deficiência.
Talvez pela imposição do politicamente correto (o outro nome para
patrulhamento), muita gente silencia
ou até acha graça nas batatadas ditas, dia sim, o outro também, por Lula, primeiro e, agora, acompanhado
de Severino Cavalcanti.
Os disparates que ambos dizem são
tratados como, digamos, sabedoria
popular. Não são. São tolices mesmo.
E, se se trata de dar exemplo, como
manda a nova campanha em gestação nos laboratórios de marketing do
governo, bem que eles próprios poderiam começar por limitar a incontinência verbal para não dar mau
exemplo.
Ou alguém aí acha que é bom
exemplo dizer que mandou calar sobre a corrupção no governo anterior.
Ou contar, orgulhosamente, que protegeu "cachaceiro" infrator?
A deficiente formação escolar não é
impedimento para governar o país
ou para presidir a Câmara, mas também não pode virar qualidade.
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