São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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GUERRA NO TRÂNSITO

Acidentes são, por definição, fortuitos e, portanto, em algum grau inevitáveis. Isso não significa que devam ser aceitos com resignação, sobretudo quando matam cerca de 30 mil pessoas por ano, como ocorre com os acidentes automobilísticos no Brasil. E para cada óbito, duas a quatro vítimas sobrevivem com seqüelas graves.
Segundo especialistas, os dois fatores evitáveis que mais contribuem para provocar mortes são o álcool e o excesso de velocidade. Alguém que dirija em estado de embriaguez pode ser condenado a detenção por período de seis meses a três anos, além de ser multado e perder a habilitação. Infelizmente, entre a lei e sua efetiva aplicação, é grande a distância. Pesquisa feita por médicos do Hospital das Clínicas revelou que quase 50% dos motoristas mortos em acidentes tinham concentração de álcool no sangue superior à permitida.
Quanto à velocidade, além dos riscos mais conhecidos, sabe-se que atropelamentos a 40 km/h poupam 85% das vítimas. Se a velocidade é de 60 km/h, sobrevivem apenas 30%. Quando o veículo está a 80 km/h ou mais, não há virtualmente quem escape. A tecnologia já permite implantar controles de velocidade, que vão dos chamados radares, espalhados pela cidade, até bloqueadores instalados nos veículos ainda na fábrica. Como bem pergunta o urbanista especializado em trânsito Nazareno Stanislau Affonso, por que liberar carros que atingem velocidades acima das máximas permitidas? A França, por exemplo, já cogita instituir bloqueio de aceleração. Manifesto lançado ontem por entidades brasileiras estimula o debate sobre o tema também entre nós.
Por fim, é preciso considerar o vertiginoso aumento do número de motocicletas no país. Seus usuários são vistos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como extremamente vulneráveis. É preciso adotar medidas específicas para prevenir acidentes com motos e melhor disciplinar sua presença no trânsito.


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