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CARLOS HEITOR CONY
Torneio Rio-São Paulo
RIO DE JANEIRO - Um velho filme, que nem ficou na história do cinema
por sua banalidade, dirigido por
George P. Seitz, com Walter Pidgeon
em início de carreira e Rita Johnson,
conta a história de uma rebelião de
presos numa daquelas penitenciárias
bem superiores em segurança em relação às nossas.
O motivo da revolta foi a prisão de
um promotor que, por acaso, havia
feito a acusação de vários presos que
decidiram matá-lo, criando condições para um racha na comunidade
carcerária, que terminaria mais ou
menos como na recente chacina de
nossa doméstica Benfica, embora
com número menor de mortos.
O presidente da República na época
era Franklin D. Roosevelt, que até
hoje é considerado um dos maiores
estadistas do século 20, um democrata liberal, atento ao mesmo tempo à
política mundial e à ordem interna
do país que governava, combatendo
a depressão provocada pela queda da
Bolsa em 1929.
Nenhuma comparação com o presidente Lula ou com a governadora
Rosinha Matheus. Temos um dos
piores e mais ineficientes sistemas
carcerários do mundo e, com o crime
organizado como instituição, mas
pulverizado em facções rivais, nem a
União nem os Estados estão capacitados, técnica e financeiramente, para resolver o problema da violência,
do qual os presídios, conforme ensinou Nelson Hungria, são a universidade do crime.
No último domingo, Janio de Freitas comentou a fuga, pela porta da
frente, de 147 detentos do 27º DP em
São Paulo. O alojamento tinha capacidade para 30 presos, continha 190.
Aparentemente, todos pertenciam à
mesma facção, a que desejava apenas
fugir. Daí que a guerra se transferiu
da prisão para a sociedade em geral,
todos nós.
Nada mais ridículo, na mídia nacional, do que o torneio Rio-São Paulo, deslocado do Maracanã e do Morumbi para as respectivas secretarias
de Segurança.
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