São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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EDITORIAIS

ATRASO DIGITAL

Enquanto boa parte do debate sobre o modelo de política econômica gira em torno das metas inflacionárias, aumenta o número de desatinos produzidos pelo ajuste fiscal acordado com o FMI. O congelamento de verbas do Fust, obviamente um resultado da obsessão por superávits primários, é um caso em que fica notória a subordinação de objetivos estratégicos, de longo prazo, à lógica de curto prazo ditada pelos humores dos mercados financeiros.
A timidez, senão frustração das políticas de inclusão digital são parte de uma história maior, marcada sobretudo pela disposição do governo e da Anatel a transigir na regulação do setor de telecomunicações.
O governo federal camufla e tergiversa, operando no Congresso com medidas de remanejamento de verbas sem que haja qualquer avanço na execução do gasto previsto. Vai-se assim para o segundo ano de desperdício de recursos do Fust, verbas que deveriam ter uma destinação social.
A universalização do acesso às telecomunicações, em especial a criação de condições para a conexão de setores de baixa renda, é vista internacionalmente como política estratégica.
Mas não se trata apenas de conectar os mais pobres. Trata-se de oferecer por meio dessas tecnologias novas oportunidades de geração de emprego e renda, reduzindo a pobreza e criando novos mercados. Sem esquecer dos aspectos ligados à capacitação. A lei do Fust prevê que 18% dos recursos do fundo devem ser aplicados em educação.
A política econômica de curto prazo, de corte recessivo, novamente é implementada sem critério. Metas quantitativas prevalecem sobre um exame detalhado da qualidade do gasto público, em especial dos seus efeitos de longo prazo.
Num momento em que os setores de telecomunicações e informática perderam dinamismo nos países mais desenvolvidos, abrir mão de investimentos é uma garantia de que o país continuará sofrendo de um crônico atraso digital.


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